Qual será o perfil do nosso próximo treinador?

Compartilhe

Conheça um pouco mais sobre o trabalho dos nomes sondados pelo Furacão nas últimas semanas

Há duas semanas, o Athletico foi informado que teria que trocar de treinador para a próxima temporada. Tiago Nunes nos deixou após um ciclo vencedor e naturalmente o Furacão precisará seguir esse caminho de títulos e disputas em alto nível com o próximo técnico. Desde então, o Clube busca traçar um perfil de um técnico jovem com ideias de jogo modernas, intensidade no trabalho com o elenco e utilização das categorias de base. No Brasil, esses nomes estão escassos e/ou empregados. O jeito está sendo procurar nos vizinhos.

 

O primeiro nome revelado pela imprensa foi o de Sebástian Beccacece. Auxiliar de Jorge Sampaoli desde que tinha 22 anos, Beccacece construiu carreira sendo pupilo do atual técnico do Santos, que já está de saída do futebol brasileiro. Foi auxiliar dele em importantes trabalhos como na Universidad de Chile e nas seleções do Chile e da Argentina. Durante a Copa do Mundo de 2018, a relação dos dois se esgotou e Beccacece foi treinar por conta própria, como já tinha feito em poucos períodos anteriormente.

 

Pegou um time pequeno na Argentina, o Defensa y Justicia, e mostrou um pouco do perfil procurado pelo Furacão. Ideia de jogo vertical, zagueiros saindo com a bola, muita pressão pós-perda e marcação alta, sempre com três atacantes. A dupla de zagueiros merece destaque. Lisandro Martinez é um verdadeiro craque, tem 21 anos e já veste a camisa do Ajax, da Holanda. Já Alexander Barboza foi sondado pelo rubro-negro no meio do ano, mas acabou fechando justamente com o Independiente, de Beccacece.

 

Com o vice-campeonato argentino, Beccacece se transferiu para o Rey de Copas. Pediu Barboza e teve outros jogadores contratados. Seu esquema de jogo não funcionou. Silvio Romero, artilheiro da Sulamericana, não iniciou a partida que eliminou o Independiente da competição, para o campeão Del Valle, por opção do técnico. Outros atritos internos acabaram derrubando o treinador em um curto período de tempo.

 

No mesmo período de tempo, saiu a notícia que estávamos atrás de Paulo Pezzolano, treinador do Liverpool de Montevideo. O uruguaio, que já foi nosso jogador em 2005 e 2006, também é um dos técnicos promissores do nosso continente. Há de se pensar que o Liverpool também é um time com recursos limitadíssimos e está batendo de frente com Nacional e Peñarol, os dois grandes em um país cuja liga se concentra basicamente na capital. Possui o artilheiro da Liga, o jovem Ignacio Ramirez, de 22 anos.

 

Sob seu comando, o Liverpool eliminou o Bahia na Copa-Sulamericana deste ano e venceu o torneio Intermedio, uma espécie de copa realizada entre os torneios Apertura e Clausura – dá vaga para a Supercopa Uruguaia. Pezzolano também passou a receber outras sondagens neste período e seu nome que era ligado inicialmente aos aspirantes, já mudou de patamar. Paulo André já foi a Montevideo falar com o técnico para saber sua situação.

 

Outro que o nosso gerente de futebol e ex-zagueiro foi “hablar” pessoalmente é o argentino Gabriel Heinze. Como jogador, atuou nas principais ligas do mundo. Paris Saint-Germain, Manchester United, Real Madrid, Roma… Um currículo pesado. Na Seleção Argentina, conquistou o ouro olímpico em 2004 e jogou a Copa do Mundo 2006, ambas com o companheiro e amigo Lucho González. A dupla também foi campeã francesa com o Olympique Marseille em 2009/10. 

 

Como técnico, iniciou no Godoy Cruz e não foi bem. Assumiu o Argentinos Juniors na segunda divisão e com o tempo conseguiu implantar seu sistema tático. Acabou campeão com 11 pontos de diferença e seu trabalho com os jovens ficou marcado. O nome daquele time era o jovem Alexis Macallister, autor do gol do Boca Juniors sobre nós, na Baixada, nas oitavas da Libertadores.

 

No Vélez, que é um clube financeiramente instável, Heinze também faz bom trabalho. No ano passado ficou em sexto lugar e revelou excelentes jogadores como Matias Vargas, já vendido para o Espanyol, e Thiago Almada, uma das principais revelações da Argentina. A equipe que terminou em sexto lugar no ano passado, também está em sexto neste ano – a três pontos do líder.

 

Heinze é conhecido por ser linha dura. No Vélez, proibiu que jogadores usassem celular durante as refeições e cortou o vídeogame na concentração. Assim como Beccacece, o “Gringo” tem esse ponto que pode ser negativo se analisarmos a cultura do jogador brasileiro. A cobrança nos treinamentos e nas partidas é tão alta que alguns podem não gostar. Os dois são detalhistas e estudam o jogo, então se algo sai errado a bronca vem na hora e não sai nada suave.

 

O perfil procurado pelo Furacão vem da escola de Marcelo Bielsa: intensidade no trabalho, ideias de jogo com o time atacando sempre o adversário e jogando em seu campo, pressão inegociável após a perda da bola e utilização das categorias de base.

 

Não vejo o Athletico indo atrás de técnicos como Roger Machado e Rogério Ceni. Ambos fogem do perfil que está sendo traçado até agora, que pode-se considerar totalmente “bielsista”. Nosso Eduardo Barros será técnico um dia, mas para iniciar um trabalho de temporada ainda não é a hora. Gostaria de vê-lo nos aspirantes ou mesmo terminando de desenvolver a integração do “Jogo CAP” nas categorias de base, que era sua função anterior. Mas na linha de treinadores que estamos procurando, vamos conseguir manter o nosso padrão de jogo e ainda ter mais intensidade em alguns aspectos.

 

Temos uma Libertadores pela frente e, como já disse por aqui antes e ainda vou repetir: não podemos entrar mais como coadjuvantes. O pensamento será sempre grande!

 

 

 

Veja também