A memória do vice-campeonato da Copa do Brasil de 2013 e a nova identidade do Athletico na volta à final
Quarta-feira, 17 de novembro de 2013: o Maracanã estava lotado e quase 70 mil pessoas compunham uma festa rubro-nega, unidas em um coro de campeão. Mas não era o vermelho e preto paranaense que brilhava naquela noite. O Flamengo venceu a Copa do Brasil com a vitória por 2×0 sobre o Athletico, depois de ter empatado em 1×1 o jogo em Curitiba. Contudo, a música que tocava para o Furacão não deixava de ser de vitória, já que foi a primeira vez na história da Copa do Brasil que o time foi finalista.
Em 2013, o cenário dos dois finalistas eram bem diferentes. O Flamengo, um dos times mais tradicionais no Brasil, chegava à final do campeonato pela sexta vez, já com duas vitórias na conta. Naquele ano, porém, o time carioca havia passado por uma crise, traçando uma trajetória de ruína à gloria, em que ambas envolveram um time paranaense considerado, então, pequeno pelas torcidas no país e que no início de sua história havia se apropriado das suas cores e escudo: o Athletico Paranaense.
Em setembro daquele ano, o time do Rio passava por jejum e problemas entre os jogadores e comissão técnica quando, no Maraca, o Furacão venceu o jogo por 4×2. O resultado da partida foi a demissão do técnico Mano Menezes e a acentuação da crise. O paranaense, por sua vez, estava tendo um ano iluminado, venceu o estadual, saiu do fim da tabela para a disputa no G4 no Brasileirão e, pela primeira vez na história, chegou à final da Copa do Brasil.
Porém, a resiliência do FLA pôs à prova a vontade de fazer história do time curitibano. Depois da derrota em casa, a equipe deu a volta por cima e passou com facilidade pelo Goiás nas semifinais. No primeiro jogo, o time, que tinha Paulo Baier e Marcelo Cirino (autor do gol) no elenco, saiu em desvantagem no empate por 1×1 na Vila Capanema. Com o critério de gols fora, o Flamengo jogava pelo empate em casa. Apesar da força de vontade de repetir a dose de vitória no maior estádio do Brasil, o Athletico tomou dois gols, de Hernane e Elias, no finalzinho da partida (aos 41′ e 49′), saindo de lá vice-campeão.
Motivo de comemoração ou lamentação, o segundo lugar deixou a marca de quem era o Furacão e do início de uma trajetória que dizia: vamos voltar.
“Se estamos aqui comemorando, temos que agradecer ao Athletico, porque, se não perdêssemos aquele jogo, não teríamos dado a virada. Agora estamos aqui comemorando esse título” – disse o então goleiro do clube carioca, Felipe, depois da conquista do campeonato.
E voltaram. Com um título internacional, um intercontinental, e um “H” a mais. E desta vez não mais com o rubro-negro de um time grande que almejava ser, mas com o seu próprio, do time grande que se tornou, reconhecido como o Furacão das Américas.
Além da identidade cravada, a maior experiência em grandes campeonatos treinou um time de guerra, não mais o clube pequeno que tem um ano de glória em meio aos grandes. O ótimo desempenho na Libertadores, a vitória da Sul-Americana e a conquista da Levain Cup, no Japão, são a trajetória que compõe o novo caráter do Athletico como finalista. Um finalista que eliminou o Flamengo no Maracanã e desempenhou uma virada histórica contra o Grêmio, na semifinal.
Seis anos depois, o adversário é outro. O Athletico é o mesmo, que encanta ao misturar a vontade dos meninos das bases com a experiência dos mais velhos, mas, desta vez, somos maiores.