Coletivos de torcida se manifestam contra a contratação de Cuca: ‘Não nos calaremos’

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Treinador deixou o cargo do Corinthians depois de pressão popular e tenta resolver seu processo na justiça antes de negociar com o Athletico

“Não aceitaremos, não nos calaremos.” foi como seis coletivos de torcedores e torcedoras do Athletico se posicionaram contra a contratação do treinador Cuca, condenado a prisão por caso de estupro. Repúdio teve apoio de outros quatro coletivos de torcedores de outros clubes de Curitiba e da vereadora Maria Letícia (PV). Confira nota na íntegra:

Atleticaníssimas, Athletico y nada más, Capeanos, Furacão LGBTQ, Los de Siempre, Resistência atleticana e diversos outros torcedores ligados a coletivos, vêm a público para manifestarem-se absolutamente contra a contratação do treinador Cuca. Não aceitaremos. Não nos calaremos. #CUCANÃO

Nota oficial foi divulgada no início da tarde desta segunda-feira (19)

O Atleticaníssimas, principal grupo de torcedoras do Furacão, já havia se manifestado pelas redes sociais no último sábado (17): “desejamos que o clube busque um técnico aderente aos nosso projetos e, sobretudo, alinhado com os princípios mínimos de hombridade.”

Revolta popular na torcida do Athletico gerou a criação de movimento nomeado com a hashtag #cucaNÃO, utilizada para os protestos nas redes sociais. Em contato com a reportagem, integrante que não quis se identificar afirmou que nota é parte de movimentação que ainda trará twittaços, atenção da mídia, dos patrocinadores do CAP, de outros coletivos no Paraná e fora dele“. Fonte garantiu que manifestações presenciais não são descartadas.

Até para que mantenham o acesso à Arena da Baixada e tenham possibilidades de manifestação, torcedores atestaram que não cancelarão suas associações. Mesmo assim, integrante dos grupos “Athletico y nada más” e “Capeanos” que – também – preferiu se manter no anonimato, atestou que impacto de possível escolha por Cuca seria prejudicial o clube e que “muitas pessoas deixarão de ir ao estádio”.

Representante do coletivo Furacão LGBTQ vai além: “ao mesmo passo que pouco se faz para aproximar torcedores que sempre foram afastados dos estádios pela violência, como mulheres, negros e LGBTQs, o clube contratando alguém assim manda uma mensagem que aqui violência se releva, se flexibiliza, se perdoa. É inaceitável que um clube com as raízes que temos sequer cogite empregar alguém que cometeu algo tão cruel.”

Não é a primeira vez que o Athletico é questionado sobre a contratação de pessoas condenadas na justiça. No início de 2021, o clube contratou o lateral direito Marcinho, que responde até hoje por atropelamento e assassinato de duas pessoas no Rio de Janeiro.

Jogador foi condenado no último mês de abril a mais de três anos de pena em regime aberto por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – ocorrido em dezembro de 2020, dois meses antes de ser contratado pelo Athletico.

Cuca tenta anulação de processo antes de voltar ao mercado de treinadores

Segundo apuração da Trétis, se bem sucedido na tentativa de anulação das acusações de crime cometido em 1987, Cuca negociaria sua chegada ao Furacão, que não tem pressa – aguarda resolução do processo para negociar de forma efetiva. Corpo jurídico do treinador tem expectativa positiva.

Cuca é acusado de ter tido relações sexuais sem consentimento com garota menor de idade. Treinador foi condenado a 15 meses de prisão por “atentado ao pudor com uso de violência” e processo foi arquivado e está em sigilo de 110 anos, poderá ser aberto no ano de 2099, segundo informação do GE.

Foi encontrado sêmen de Cuca no corpo da vítima, que o reconheceu como um dos abusadores. Vítima, ainda segundo reportagem do Globo Esporte, tentou suicídio e sofreu inúmeros traumas depois do caso. Cuca recebeu pena condicional na Suíça, em que só cumpriria pena de reclusão se cometesse algum outro crime dentro de prazo determinado – que prescreveu.

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