Com valores corrigidos, Lucas se torna a segunda maior venda da história do Athletico

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Kleberson, Fernandinho e Jadson também ganham posições no ranking das dez maiores vendas da história do clube; confira lista completa

A venda de Khellven do Athletico ao CSKA de Moscou por R$23,6 milhões de reais igualou a quantia investida no lateral-direito à que foi desembolsada pelo Manchester United pelo meia Kleberson, campeão brasileiro com o Furacão e titular no pentacampeonato mundial da seleção brasileira.

Jogadores empataram, então, na décima posição entre as vendas mais caras da história do Athletico. Não se questiona o fato de que Kleberson teve tamanho pelo Furacão que não se compara à carreira de Khellven, mesmo que vitoriosa e recheada de grandes momentos.

Teria o, à época, Atlético-PR vendido barato Kleberson ao futebol inglês em 2003? Ou o Furacão, com outro tamanho na atualidade, consegue tirar mais dos clubes pretendentes do que antes conseguia? Nem uma, nem a outra.

A reportagem da Trétis procurou o economista Guilherme Toscan da Silva, que explica onde está a diferença entre vender um jogador do calibre de Kleberson em 2003, ou do atacante Lucas em 2000, a vender jogadores em 2023:

“Quando fazemos comparações que envolvem dinheiro, sempre há a situação dos valores nominais e os valores reais. Os nominais são os que o bem, produto, serviço, foi negociado na época em que foi negociado. Os valores reais corrigem esse valor nominal, considerando a inflação – consegue-se fazer uma comparação mais próxima da realidade.”

Toscan continua, e adequa situação à realidade do futebol – o cenário mudou e, como em toda a economia mundial, o processo de venda de jogadores também foi afetado pela inflação: “Hoje você precisa de algo em torno de 80, 90 milhões [de reais] para comprar um jogador do nível que era o Lucas, naquela época.”

O economista cita a negociação de Lucas Severino, que deixou o Athletico em 2000 com destino ao Bordeaux-FRA, por R$39,5 milhões. Transferência figurava, até 2013, entre as dez mais caras da história do futebol brasileiro e colocou responsabilidade irreal no jovem atacante, que admitiu fato em entrevista ao portal UOL:

“O jogador não tem culpa de ser vendido pelo valor que foi. Houve um leilão, estava certo com o Olympique de Marselha, mas chegou um investidor e dobrou o valor. Aceitei, mas quando cheguei queriam que eu fizesse 30 gols por temporada. Queriam um novo Pelé”

Depois de Lucas, outros quatro jogadores foram negociados por valores maiores pelo Athletico – Renan Lodi, em 2019, por R$97,5 milhões e Bruno Guimarães, em 2020, por R$93,8 milhões são exemplos. No mesmo 2020, o zagueiro Robson Bambu deixou o Furacão por R$47 milhões e, neste ano, Vitor Roque bateu todas essas, com venda garantida ao Barcelona, que desembolsará valor que pode chegar aos R$395 milhões.

A venda de Vitor Roque, inclusive, é a única na história do Athletico que possui valor real, corrigido pela inflação, maior do que a de Lucas Severino, que atinge os R$235,5 milhões, segundo levantamento de Guilherme Toscan da Silva. Depois de 23 anos, a venda do atacante cresceu em praticamente seis vezes o seu tamanho e atesta que o talento de Lucas valeria, hoje, o que equivale a 11 vezes o gasto pelo Athletico em Bruno Zapelli, segunda maior contratação da história do clube.

Outros jogadores que estão entre as dez maiores vendas da história do Furacão também ganham posições com a correção monetária. Kleberson, citado como exemplo no início do texto, tem valor corrigido para R$90,6 milhões, parecido com o que foi gasto pelo Lyon em Bruno Guimarães.

Fernandinho e Jadson também são mais valorizados com este critério – sobem seus valores de venda para, respectivamente R$114,4 milhões e R$108,4 milhões. Confira ranking completo:

Metodologia

Os valores dispostos na lista foram retirados do cálculo feito pela calculadora de impacto de inflação do Banco Central, por Toscan. O cálculo requer que seja escolhido um índice de medição da inflação, que, no caso desta reportagem foi o IGP-M, produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O economista explica que, por mais que nenhum índice tenha a expertise no acompanhamento da inflação das transações que envolvem jogadores de futebol, o IGP-M tem abordagem mais ampla.

O cálculo foi feito com base nas datas de registro de cada negociação em relação à data da venda de Vitor Roque, em 08/07 deste ano.

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