Invictos há nove jogos, equipe tem jogadores de Seleção e ex-rivais paranaenses
Athletico e Peñarol se enfrentaram por cinco vezes nos últimos quatro anos, mas esqueçam a equipe uruguaia mais frágil que enfrentamos em amistoso (2017), na Sul-Americana (2018) e na fase de grupos da Copa Libertadores (2020). A equipe do técnico Maurício Larriera é diferente e muito mais forte em 2021.
Do último confronto rubro-negro, com derrota por 3 a 2, no mesmo Campeón del Siglo em que a equipe jogará nesta quinta (22), muita coisa mudou. A equipe não chegava em uma semifinal continental desde a Copa Libertadores 2011 e muitos estão levando este duelo como o “jogo da década”.
O CAMINHO PARA A SEMIFINAL
Antes dos grupos – fase em que o Athletico iniciou – o Peñarol teve que vencer o Cerro Largo, do Uruguai, na fase preliminar. Nos confrontos começou a brilhar a estrela do artilheiro da competição, Agustin “Canario” Alvarez Martinez (que receberá mais destaque nesta publicação). A primeira partida terminaria empatada em 2 a 2. Na volta, o Peñarol garantiu a classificação com uma goleada de 4 a 1. Neste jogo, Martinez fez dois gols e deu uma assistência.
Na fase de grupos, o Peñarol compôs o grupo X, com Corinthians, River Plate, do Paraguai, e Sport Huancayo, do Peru. Os carboneros venceram as quatro primeiras partidas, com dois shows em cima do time paulista, e se classificaram já na quarta rodada. Na Arena Corinthians, os uruguaios bateram o alvinegro por 2 a 0. Já no Uruguai, o resultado foi uma sonora goleada de 4 a 0, com três gols de Canario Martinez. A equipe terminou a primeira fase com 13 pontos e a terceira melhor campanha, atrás de Grêmio e Athletico.
Já sem David Terans, que foi importantíssimo na fase de grupos, e que acabou sendo vendido para o próprio Furacão, o Peñarol enfrentou seu arquirrival Nacional nas oitavas da competição. A vitória por 2 a 1, fora de casa, foi suficiente para segurar a derrota por 1 a 0 no jogo de volta. Mesmo assim, nesta partida o gol do Bolso foi marcado nos acréscimos, após amplo domínio do Peñarol e com uma ótima atuação do goleiro Sergio Rochet.
Para as quartas de final, contra o Sporting Cristal, os uruguaios tiveram mais duas baixas de titulares. O zagueiro Fabricio Formiliano migrou para o Necaxa, do México e o lateral-esquerdo Joaquín Piquerez foi vendido ao Palmeiras. Mesmo assim, a equipe venceu as duas partidas. No Peru, em uma grande atuação, a equipe fez 3 a 1 com gols da dupla Facundo Torres e Canario Alvarez e no Uruguai, os carboneros apenas completaram o serviço e venceram por 1 a 0.
ATUAL FASE
Invictos há nove jogos, desde a derrota para o Nacional nas oitavas da Sul-Americana, o Peñarol teve uma folga no calendário entre 22 de agosto e 9 de setembro, quando iniciou o Torneo Clausura local. Na atual competição, a equipe disputou apenas duas rodadas com quatro pontos conquistados. No empate com o Fénix, na última rodada, houve muita reclamação com a arbitragem por conta de um pênalti não marcado.
No Torneo Apertura, o Peñarol terminou em terceiro lugar, mas teve apenas uma derrota em 15 jogos. A campanha foi de 7 vitórias, 7 empates e um duelo perdido, com 22 gols marcados e 10 tomados. O técnico Maurício Larriera é o principal responsável pela boa temporada. Em 44 partidas como treinador do Peñarol, ele possui 24 vitórias, 15 empates e apenas 5 derrotas.
A EQUIPE CARBONERA
Apesar das baixas de três titulares durante o ano, Mauricio Larriera conseguiu formar uma ótima base construída no esquema 4-2-3-1 com variações para 4-3-3 e a diretoria do Peñarol conseguiu segurar seus jogadores com nível de Seleção. A equipe base é formada por Kewin Dawson, Giovanni González, Gary Kagelmacher, Carlos Rodriguez e Juan Ramos; Walter Gargano, Pablo Cepellini e Jesus Trindade; Agustin Canobbio, Facundo Torres e Canario Alvarez Martínez.
No sistema defensivo, o destaque é o lateral-direito Giovanni González, da Seleção Uruguaia. Com grande apoio ao ataque e responsabilidade na defesa, Abner deve ter trabalho com o camisa 2. Para o lugar de Formiliano, o Peñarol trouxe Carlos Rodriguez, que estava na LDU, do Equador. O goleiro Dawson e o zagueiro Kagelmacher são alguns dos poucos atletas que jogaram contra o Furacão, tanto em 2018 como em 2020.
Dawson vem em fase melhor que nas temporadas anteriores. Já Kagelmacher continua sendo um zagueiro lento, em que o Athletico poderá explorar a velocidade. O lado esquerdo, sem Piquerez, baixou muito de qualidade e é o setor mais fraco do nosso adversário. Larriera deve escalar o recém-contratado Juan Ramos, que atuava no Spezia, da Itália. O lateral jogou apenas seis partidas na Série A italiana em 2020/21.
O meio-campo começa com um “leão de chácara”. O volante experiente Walter Gargano, de 36 anos, jogou mais de 10 anos de sua carreira na Europa e foi convocado para duas Copas do Mundo com o Uruguai. O segundo volante/meia central é Pablo Ceppelini, uruguaio que estava no México (Cruz Azul), até 2020. Ceppelini dá apoio ao ataque e frequentemente infiltra na área para finalizar.
Pela ponta, Canobbio gosta de utilizar o 1×1, já fez gols e deu assistências na Sul-Americana. Os dois atletas tem como dificuldade a recomposição, que pode ser bem explorada pelos alas rubro-negros. Na reserva, o Peñarol conta agora com Nico Gaitán, ex-Atlético de Madrid e Benfica, que pode jogar pelos dois lados.
Já a dupla de ataque da foto da matéria são os grandes destaques do Peñarol e do futebol sulamericano. Facundo Torres e Canario Alvarez Martinez, com menos de 20 anos, já vestiram a camisa da Seleção e os carboneros tiveram muito trabalho para mantê-los no país nesta temporada. Ambos devem ser vendas históricas do Peñarol para a Europa nos próximos anos. Guardadas as devidas proporções, são o “Renan Lodi e Bruno Guimarães” do país vizinho, inclusive na amizade cultivada desde a base.
Alvarez Martinez é o artilheiro da Sul-Americana com nove gols marcados até aqui. Seu faro de gol está baseado em sua movimentação e antecipação aos zagueiros. O atleta é bom no jogo aéreo e costuma finalizar para dar trabalho aos goleiros adversários. Já Facundo Torres é o jogador “multifunções”. O camisa 10 flutua no meio-campo, abrindo espaços para os pontas, principalmente pela esquerda, aonde costuma cair; para as infiltrações de Cepellini e Trindade e para a ultrapassagem dos laterais. Ambos precisarão de atenção máxima durante os 180 minutos, pois podem definir a partida em uma jogada.
EX-RIVAIS ESTADUAIS
No elenco carbonero, o torcedor atleticano reconhecerá facilmente um dos reservas. O atacante argentino Ariel Nahuélpan atuou contra o Furacão quando atuava pelo Coritiba. A época, chegou a fazer gol em um clássico ATLEtiba, mas frequentemente se destacava mais pelas jogadas atrapalhadas com a bola.
Com passagem pelo Paraná Clube em 2017, o meia Ruben Betancourt também deve ser opção no banco de reservas. Conhecido como o “filho do Cavani” pela semelhança com o atacante compatriota, Betancourt teve bom destaque na liga local atuando pelo Boston River e foi contratado na janela de agosto pela equipe.