Dupla é, estatisticamente, a que mais faz a bola correr em direção ao gol adversário e objetividade resultou nas melhores atuações coletivas de 2022
O torcedor do Athletico, por essência, quer sempre um time que jogue para frente. Agressivo, vertical, intenso – progressivo. Jogadores que fazem a bola correr em direção ao gol adversário ganham a admiração das vozes na Arena da Baixada.
Um trio de estatísticas do site Football Reference ajuda a medir esse tipo de participação no jogo. A primeira delas é a de arrancadas progressivas, que são bolas carregadas para frente por mais de 9m no campo de ataque, ou que entram na área adversária. A outra mede os passes progressivos, que são passes para frente, no campo de ataque ou que são concluídos dentro da área adversária. A última delas são os passes progressivos recebidos.
E nas arrancadas para frente, não tem muita disputa no elenco. Tomás Cuello, com sobras, foi quem mais teve esse tipo de jogada em Brasileirão e Libertadores 2022. Lidera em números totais e por 90 minutos jogados. Teve 114 (4,47 p/90min – acima da média da posição de 2,95) em suas 41 partidas e percorreu distância que ultrapassa os 2 km com a bola no pé, e para frente.
No quesito ainda se destacam Terans, com 64 totais (2,15 p/90 min), Khellven, com 56, Canobbio com 44 e Fernandinho com 36 – teve média p/90 de 2,29, bem acima da média da posição, de 1,30. Por 90 minutos, dois pontos merecem destaque. Marlos foi segundo colocado (4,29) e Vitor Bueno teve desempenho acima de Terans, com média de 2,48.
Nos passes progressivos, mesmo com menos da metade das partidas do resto do elenco, Fernandinho é líder isolado. Volante teve 139 destes passes, com 8,85 p/90. Para efeito de comparação, Enzo Fernandez, volante campeão mundial com a Argentina e titular do Chelsea-ING tem média de 11,71 p/90. A média da posição no fator fica em torno de 5.
Se considerarmos jogadores que já deixaram o elenco, Abner lideraria com 204 passes progressivos (5,85 p/90). Terans (116) e Cuello (95) também tem destaque em top-10 que mostra mais defensores e volantes – Pedro Henrique com 116 e Hugo Moura com 92 são bem rankeados, por exemplo. E o protagonismo dos laterais nesse número é interessante. Juntos, Khellven e Abner somaram 292 passes progressivos – quase 20% do total do time.
E a combinação Abner e Cuello resultou, não só num lado esquerdo muito criativo, mas numa dominância do argentino na estatística dos passes progressivos recebidos. Foram 235, 9,22 a cada 90 minutos. Tomás Cuello é destaque nas três categorias – líder em duas – e percorreu mais de SEIS KM com a bola, e para frente. É, estatisticamente, o jogador mais objetivo do elenco.
Num coeficiente de progressão com a bola, uma média das três estatísticas, Cuello soma 151.33, maior, de longe, do elenco em 2022. Abner (122), Terans (109), Vitinho (98), Khellven (93,66) e Canobbio (79) formam o TOP 6. Fernandinho tem 70,33, pelo número pequeno de jogos (18). Se mantivesse o ritmo que teve numa temporada completa (com no mínimo 40 jogos), somaria 156,28, melhor do time.
NÚMEROS TEM INFLUÊNCIA NOS RESULTADOS?
Numa abordagem um pouco menos resultadista, com o nível de atuação em seu centro, dá pra traçar uma comparação. Os jogos em que o Athletico somou mais passes progressivos foram os que mais tiveram passes chave – que resultam em finalização.
Nas vitórias em 2022, o Athletico teve média de 10,54 passes chave por jogo, e os jogos que mais somaram passes chave foram os que tiveram mais passes progressivos – e as melhores atuações do time na temporada. Na vitória contra o The Strongest pela Libertadores, por exemplo, time teve 65 (!) passes progressivos, e 17 passes chave. Na vitória contra o Botafogo, no último jogo do ano, foram 37 passes progressivos, com os mesmos 17 passes chave – fato mostra também diferença dos times de Felipão e de Valentim/Carille. Com Scolari, time precisava de muito menos passes para finalizar.
Em mais exemplos, no 5 a 1 contra o Caracas, um dos melhores jogos do time na temporada, foram 50 passes progressivos e 20 passes chave – time finalizou 22 vezes na partida. No empate contra o Estudiantes em 0 a 0 na Baixada, jogo que time criou para vencer até com tranquilidade, foram 39 passes progressivos e 18 passes chave.
E eficiência aparece no número de gols marcados. 35 dos 75 gols do Athletico em 2022 com o elenco principal saíram ou de arrancadas ou de passes progressivos, quase metade – 46,66%. Apenas 10 dos 45 gols marcados dentro da grande área não vieram dessas jogadas. Não dá pra dizer com certeza que as estatísticas de progressão fazem o time vencer mais jogos, mas dá pra afirmar que os maiores números estiveram presentes nos melhores jogos da equipe na temporada. Não há essa medição em jogos do Campeonato Paranaense, mas, não só pela qualidade das atuações, mas por visível verticalidade, variações de jogadas e grande fase de Fernandinho, dá pra imaginar que com Paulo Turra cenário não mudou muito.