Ex-treinador do Athletico disse que não acreditava jogar na "retranca", falou sobre seu processo de saída e revelou que sonha com Seleção
O ex-técnico do Athletico, Paulo Turra, deu entrevista pela primeira vez depois de ter sido demitido do comando do Furacão. Treinador detalhou processo de saída, se defendeu das críticas da torcida do Furacão e projetou seu futuro, agora, em carreira independente de Felipão: “Seleção brasileira é o meu sonho”. Entrevista foi concedida ao GE.
Depois de sete meses de trabalho, Turra acumulou 25 vitórias, quatro empates e sete derrotas como técnico do Athletico, em números que somam mais de 73% de aproveitamento. Sob seu comando, time marcou 64 gols – média de 1,8 por jogo – e só deixou de marcar em quatro destas 35 partidas, contra CRB, Fluminense, Bragantino e Botafogo:
“Essa imagem foi distorcida. Mas entendo. […] Retranca é se defender de qualquer maneira. Eu acredito que no momento em que eu estive, em nenhum momento a nossa equipe se defendeu desorganizada, dando balão, apelando para faltas. Nós nos defendíamos bem. E quando retomávamos a bola, nós tínhamos a opção de sermos verticais, fazer as transições ou manter a posse. É tudo um processo.”
Paulo Turra ainda atestou que modo de jogar está relacionado à característica de seus jogadores, além de classificar atuações do Athletico quando em seu comando como verticais:
“Minha ideia de jogo tem muita relação com o elenco que eu tenho. Os jogadores que eu tinha são jogadores se defendem bem, são rápidos, agressivos e que tem uma verticalidade – não vem só de agora o Athletico ser um time vertical.”
Sobre seu processo de saída, Turra comentou tristeza por Scolari deixar o clube, mas preparação para continuar trabalho. O Athletico demitiu Paulo Turra logo após a confirmação de saída de Felipão, uma vez que nome era mantido pela recomendação do então diretor técnico, que até o convidou para ir ao Atlético-MG como auxiliar:
“Fiquei triste por ele (Felipão) estar nos deixando, mas ao mesmo tempo estava pronto para dar continuidade ao trabalho. Depois teve o meu desligamento e entendi perfeitamente, com muita compreensão. Não tenho nada a lamentar nesses sete meses que estive à frente do Athletico. Entendo a atitude do clube.”
Paulo Turra negou qualquer envolvimento de Felipão nas decisões técnicas cotidianas. Ex-diretor técnico tinha funções que corriam desde a gestão do elenco masculino profissional, passavam por todas as cateforias de base e chegava no controle até do elenco feminino. Turra, mesmo assim, garantiu:
“Eu era o treinador. Lógico que o professor [Felipão] como coordenador técnico conversava comigo, mas em nenhum momento ele interferiu ou pediu, “coloca aquele, faça isso, faça aquilo”. Inclusive, nos treinamentos, ele não participava ativamente.”
Ambição para o futuro
Depois de trabalho no Athletico e desvinculação com a comissão técnica de Felipão, Paulo Turra volta, de vez, à carreira solo que abandonou em 2017, com a proposta de Scolari. A última passagem do treinador em voo solitário foi no Cianorte-PR, onde venceu de forma invicta a divisão de acesso de Campeonato Paranaense, em 2016.
Saio muito maduro dessa experiência no Athletico. Iniciar a carreira como treinador principal em um clube como o Athletico é um feito muito grande, um grande aprendizado. Estou tranquilo, não penso no amanhã, não estou ansioso. Tenho minhas convicções.
Paulo Turra, no entanto, diz manter a calma para definir futuro
Turra ainda manifestou orgulho de ter trabalhado com Felipão, e ainda citou os auxiliares Murtosa – que se aposentou em 2017 – e Carlos Pracidelli, que acompanhou Felipão e deixou o Athletico, como forma de agradecimento, além de projetar seu futuro:
“Baseado em segurança, sem fazer loucuras, mas eu tenho capacidade de conseguir o melhor. Ser treinador da Seleção Brasileira é o meu sonho, quero dar minha contribuição para que o futebol brasileiro continue sendo o melhor do mundo.”