Tática de utilização de elenco alternativo tem sido lucrativa para o Clube
Vinicius Furlan
Desde 2013, numa tacada que visava boicotar a FPF e a RPC por causa da cota de TV irrisória pela transmissão do Campeonato Paranaense, o Athletico passou a jogar o Campeonato Paranaense com o time Sub 23. A tática, objetivando que a Globo passasse a oferecer um valor maior para transmissão, não deu certo. Se o objetivo tivesse sido desvalorizar o Campeonato Estadual visando sua diminuição ou uma mudança de calendário, é muito possível que venha a dar certo no longo prazo, visto que a partir de 2020 a Globo, principal financiadora do futebol brasileiro, deixará de transmitir os estaduais.
Porém, a tática acabou mostrando resultado esportivo relativamente bom no primeiro ano com um vice campeonato e uma melhora de condicionamento físico para o time principal, que terminou em 3º no Campeonato Brasileiro, garantindo vaga para Libertadores, e sendo Vice Campeão da Copa do Brasil. Além disso, ali começou um planejamento na formação dos atletas que ajudou muito no crescimento do Athletico nos últimos anos. Em campo, apenas um título, o de 2018. Porém, na política de formação de atletas, a tática audaciosa de Mario Celso Petraglia comprovou-se extremamente certeira e lucrativa. Em 2013 e 2014, o Furacão jogou a competição com o time Sub-23 durante toda a competição. Em 2015 jogou grande parte do campeonato com o Sub-23, porém, quando o CAP passou a correr risco de rebaixamento o time principal voltou a campo. Em 2016, o campeonato inteiro foi jogado pelo time principal. Em 2017, uma mescla de aspirantes, time reserva e em alguns momentos até algumas peças dos titulares jogaram a competição. Em 2018, o Athletico voltou a jogar a competição inteira com o time de aspirantes, sequer chegando a inscrever os jogadores do time principal no campeonato.
Em 2013, o Athletico perdeu a final pro Coritiba por 3×1 no Couto Pereira. Enquanto o rival jogou aquele jogo com peças como Alex e Deivid, o Furacão jogava com Coutinho, Hernani, Léo, Santos e outros. Enquanto o Coritiba lucrou apenas R$3,5 milhões com aquele elenco, vendendo Robinho e Chico (Vanderlei saiu a custo zero), o Furacão conseguiu lucrar R$ 45,5 milhões com dois jogadores revelados naquele campeonato (Douglas Coutinho e Hernani).
Em 2014, o Athletico chegou até a semifinal, quando foi eliminado para o posterior campeão Londrina. Marcos Guilherme, Nathan e Otávio tiveram sua primeira grande sequência naquele ano. Os 3, juntos, renderam aproximadamente R$65,5 milhões. Além deles, Crislan, que hoje tem seu passe preso ao Braga (Portugal), foi revelado naquela competição.
Em 2015, enquanto o Athletico ainda jogou a competição com o time Sub 23, Sidcley recebeu suas primeiras oportunidades. Ele rendeu R$ 22 milhões ao Furacão em julho desse ano, após ser vendido para o Dinamo Kiev.
Em 2017, quando o Furacão voltou a mesclar aspirantes e reservas no Campeonato Paranaense, Matheus Rossetto agarrou a oportunidade para se firmar definitivamente no time principal do Athletico. Titular em 2017, perdeu espaço no 2º semestre de 2018, mas foi uma peça importante do elenco para o título da Sul Americana nesse ano.
Em 2018, ano que a estratégia disparadamente deu mais certo, o Club Athletico Paranaense conseguiu acertar em cheio nas revelações e nas contratações de jovens e até então inexpressivos jogadores para o time de aspirantes. Léo Pereira, Renan Lodi e Bruno Guimarães pediram passagem e subiram rapidamente para o time principal, acabando o ano como titulares incontestáveis, peças importantíssimas para o título da Sul Americana, e com um potencial gigantesco de venda. Além deles, Diego Ferreira e Zé Ivaldo também participaram do elenco “de cima”. Matheus Anjos e João Pedro foram emprestados para Guarani e Botafogo respectivamente, e voltarão ao Athletico ano que vem, com boas expectativas.
Ao todo, além do enorme ganho técnico que esses jogadores deram ao time principal, o Furacão já conseguiu lucrar expressivos R$129,5 milhões (!) com vendas de jogadores revelados ou que tiveram sua primeira grande sequência no Campeonato Paranaense. A expectativa é que, com a venda dos jogadores que foram revelados em 2018, o Athletico passe dos R$250 milhões de lucro com a venda de atletas que surgiram no Campeonato Paranaense. É mais do que o rival Coritiba lucrou em toda sua história com venda de atletas, que tenham surgido em qualquer campeonato que seja.
Que em 2019 o Furacão consiga revelar novos grandes jogadores durante o Paranaense e valorize ainda mais as peças de 2018, com desempenhos ótimos nas competições que se aproximam.