Com novas opções pedindo passagem, Tiago Nunes bobeia ao adiar oportunidades
Não é exagero jogar uma boa parcela de culpa da derrota para o Botafogo na conta da arbitragem. Entretanto, também não parece aceitável realizar análises reducionistas que se apoiem apenas nesse fator. No estádio Nilton Santos, o Athletico fez uma primeira parte de jogo em ritmo de treino, tendo a possibilidade de conquistar uma grande vantagem já de início. Porém, após a trapalhada de Caio Allan, o jogo se equilibrou e, mais uma vez, Tiago Nunes demorou a agir.
Responsável por comandar a reestruturação do Athetico e levar o time ao seu melhor momento na história recente, Tiago mantém, independente dos jogadores que coloca em campo, um padrão de jogo vencedor, propositivo e que vem elevando o Furacão para outro patamar. Ainda assim, o treinador, obviamente, também deve estar exposto a críticas. E um fator tem sido repetitivo.
Parece haver um certo conservadorismo no momento de tomar escolhas mais incisivas. Contra o Botafogo, já era questionável que o time que iniciou a partida apostasse no trio gringo (Lucho, Tomás e Romero) para comandar as principais ações no setor de criatividade, visto que nenhum deles vive um momento suficientemente bom para receberem preferência perante a outros jogadores. Ainda mais em um cenário que abria a possibilidade para testes, como foi no Rio de Janeiro. Mas, ok. O Furacão começou bem, atuando de forma bem integrada e criando oportunidades.
As coisas, no entanto, fugiram do controle, e Tiago foi mexendo aos poucos. Colocou Erick, Vitinho e Pedrinho. Os dois últimos, porém, bem perto do final da partida. Sendo que Vitinho, recentemente, já havia nos garantido uma vitória contra o Inter, e Pedrinho, que vem sobrando nos aspirantes, já merecia uma chance há tempos. O caso de Erick é o mais alarmante, uma vez que seu desempenho no Paranaense justificaria oportunidades regulares, e ele simplesmente não entra em campo o tanto que deveria.
É importante ressaltar que, enquanto o trio de promessas pode crescer e se desenvolver em partidas como contra o Botafogo, com mais tempo/espaço (por conta do time alternativo), outros atletas já alcançaram o máximo de seu desenvolvimento e já tiveram diversas oportunidades. Lucho, de certa forma, se sustenta pela mística do líder, e parece ser uma alternativa mais coerente para jogos maiores. Tomás, mesmo mais ativo jogando pelo lado direito, ainda erra muito e parece estar longe de acompanhar o restante do time, e Romero, por fim, ainda não conseguiu mostrar a que veio (vários meses de passaram).
Parece um verdadeiro tiro no pé arriscar o desenvolvimento de jovens jogadores que tem algo a diferente para mostrar. E não dá pra simplesmente esperar o Paranaense voltar. De muitos outros nomes nós já vimos bastante, e nada de tão surpreendente aconteceu. Tiago Nunes segue com cadeira cativa no Athletico, mas precisa ser mais criativo e corajoso para encontrar soluções no decorrer da partida. Mesmo se os acertos do VAR acontecessem, o desempenho ainda teria sido insuficiente e as substituições teriam sido falhas. Isso precisa ser observado e fortemente cobrado.