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Em busca de um acesso ao Brasileiro Série A1, as Gurias Furacão se preparam para uma nova temporada

Com a temporada 2021 se aproximando para o futebol feminino, no Athletico não seria diferente. O time que conquistou a admiração de muitos torcedores durante a disputa do Brasileiro Série A2 no ano de 2020 terá um longo caminho pela frente, buscando um acesso para o Brasileiro Série A1.

Para falar mais um pouco sobre o time que chegou nas oitavas de final em seu primeiro ano de disputa, convidamos alguém que entende do assunto para nos ajudar. A Atleticaníssima Daiane Luz, que acompanha o futebol feminino, principalmente as nossas gurias, já participou da transmissão pela Rádio Cap como comentarista e trará mais informações sobre AS GURIAS FURACÃO!

O fato das Gurias Furacão alcançarem as oitavas de final já na sua primeira participação mostra que os profissionais envolvidos estavam comprometidos e que o apoio do clube também foi efetivo.

Daiane Luz

01.   Acompanhando o time feminino no ano passado, qual foi o sentimento por ver as meninas chegarem já nas oitavas de final em um primeiro ano?

Mesmo sabendo que a obrigatoriedade de um time feminino acabou sendo o principal motivo para que a maioria dos times implantassem a modalidade, é importante demais esse passo, principalmente com a formação de um time próprio, como o Athletico fez. Com a inserção dos grandes times no cenário do futebol feminino, a modalidade ganha mais força e, consequentemente, um reconhecimento que vai aumentando de forma gradativa. O fato das Gurias Furacão alcançarem as oitavas de final já na sua primeira participação mostra que os profissionais envolvidos estavam comprometidos e que o apoio do clube também foi efetivo. O Athletico teve em sua chave o Napoli e o Fluminense, e nas oitavas o Bahia, ou seja, três times fortes, tanto é que o Napoli e o Bahia conquistaram o acesso para a Série A1. Então, acredito que essa conquista deva ser comemorada, sim.

02.   O quanto você acha que a falta de público pode ter influenciado em alguns jogos?

Como em todas as modalidades que têm o diferencial na torcida, certamente o impacto foi grande. Principalmente no futebol feminino, em que elas estão acostumadas a ter a família nas arquibancadas dando o apoio, incentivando. Até uma curiosidade: quando eu fui para Caçador participar da transmissão do primeiro jogo para a Rádio CAP, a mãe, tia e amiga da Laiane Alves estavam na arquibancada logo atrás das cabines, com máscaras com o rosto dela e a frase “hoje tem gol da Lai”. No final, voltei para Curitiba com elas e pude conhecer um pouco as meninas. Elas viajam para ver todos os jogos da Laiane e são admiradoras e verdadeiramente fãs do futebol feminino.

03.   Quais os destaques da última temporada?

Na defesa acredito que o destaque tenha sido a Paloma, que jogava centralizada e sempre foi muito segura nas atuações. No meio a Karen, que tem características de meia atacante, entrou no jogo contra o Toledo no segundo tempo, já teve boa atuação e no jogo seguinte já arrebatou a braçadeira de capitã. A Karen tem uma ótima leitura de jogo, é habilidosa e tem um chute muito forte. Era uma das responsáveis pelas cobranças de falta e, inclusive, marcou um gol da intermediária no jogo contra a Chapecoense, sem chance para a goleira adversária. Acredito que nosso ataque era muito bom, mas em alguns jogos (principalmente contra o Bahia) não conseguiu ser efetivo. A Isa Momesso, a Milena e a Daiane Moretti formavam esse trio. A Milena já me chamou a atenção naquele jogo contra o time do Nápoli, que perdemos por 4 a 0. Naquela primeira oportunidade deu pra ver que ela tem habilidade, além de uma estrutura física muito boa para ganhar bolas da zaga, por ser alta. Não à toa, a Milena é nossa artilheira, com quatro gols. Dessas três principais atletas que citei: Paloma, Karen e Milena, somente a atacante ficará para a temporada 2021, uma pena.

04.   Quais os campeonatos que iremos disputar neste ano e as datas?

O calendário de 2021 da CBF prevê a disputa do Campeonato Brasileiro A2, que é a segunda divisão do campeonato nacional da modalidade, com início no dia 16 de maio e término em 5 de setembro. Aliás, a edição de 2020 terminou no último domingo (31), com o Napoli, time que venceu o Athletico na estreia erguendo a taça de campeão.

Já o Campeonato Paranaense de 2021 tem previsão para acontecer de julho a outubro. Se o Clube se inscrever, será o primeiro estadual do time oficial do Athletico. O torneio de 2020 foi cancelado pela Federação Paranaense, em razão da pandemia, entretanto, a edição acontecerá em 2021. Somente dois times, Imperial FC e Toledo/Coritiba disputarão o torneio, em turno único. A partida de ida está marcada para 17 de fevereiro e a finalíssima para 21 de fevereiro, sendo que o campeão fica com a vaga no Brasileiro A2. O Athletico buscará a vaga pelo critério do Ranking Nacional Masculino.

O clube não confirmou a informação, mas acredito que o Athletico participe de ambas as competições relativas ao ano de 2021, entretanto o regulamento de 2021 da Série A2 ainda não foi disponibilizado pela CBF. Nos últimos dois anos, o regulamento previa 36 equipes participantes, divididas em seis grupos de seis equipes. Esses Clubes são: os quatro rebaixados da Série A1, os 27 campeões estaduais que não estejam na Série A1 e os seis clubes melhores colocados no Ranking Nacional de Clubes Masculinos da CBF do ano anterior. Para o torneio de 2020, o Athletico ingressou pelo critério do Ranking Nacional da CBF de 2020, ficando com a primeira vaga das colocações, já que o time masculino ficou em sexto lugar e os cinco primeiros colocados já estavam na Série A1. O Foz/Cataratas foi rebaixado da Série A1 para a Série A2, portanto já havia garantido sua participação, e o Toledo/Coritiba foi o vice-campeão estadual, ganhando uma das 27 vagas disponíveis. 

05.   Como estão os preparativos para essa temporada?

Não temos nenhuma informação ainda sobre o retorno dos treinos ou preparativos para o início da temporada 2021. Entretanto, já acompanhamos algumas renovações, o que indica que o plantel está sendo montado e que provavelmente o Athletico possui um planejamento para a continuidade do projeto.

06.   Quais as promessas para este ano?

É um pouco difícil falar em promessas, já que não tivemos contratações anunciadas até o momento, embora o clube tenha informado através de sua assessoria de imprensa que a punição da FIFA pelo caso Rony não se aplica ao futebol feminino. Entretanto, com a saída de algumas consideradas “estrelas” como a Daiane Moretti e a Thais Mello, acredito que podemos esperar novos destaques como a Bruna, ponta esquerda que foi muito bem nas partidas, da Lelê, além de uma boa temporada da artilheira Milena e da goleira Renata. A Renata não é muito alta, o que em um primeiro momento pode ser um ponto negativo, mas ela é super ágil e em jogos que foi explorada respondeu bem. Mesmo na derrota por 4 a 0 para o Nápoli ela já havia feito várias defesas e, na minha opinião, foi a melhor em campo naquele jogo.

07.   Quais as jogadoras que não tiveram seu contrato renovado?

Karen, Natiele, Jaque, Tatiane, Mari, Livia Vidal, Letícia Nunes, Daiane Moretti e Thais Mello.

08.   E com essas baixas, quais as maiores dificuldades para o elenco? 

Perdemos bons talentos e estrelas como a Daiane Moretti e a Thaís Mello, que davam uma certa encorpada no elenco. A grande debandada de atletas também preocupa já que até o momento não foi anunciada a reposição dessas peças. Por outro lado, o time trabalhou bastante durante a pandemia e, no retorno, mostrou uma certa recuperação, o que pode ajudar na substituição dessas atletas que vinham sendo titulares.

09.   Qual time devemos ficar de olho durante o Brasileiro A2?

No Audax, que tem um projeto muito estruturado para o futebol feminino há pelo menos uns quatro anos e que foi rebaixado em 2020. Ponte Preta e Vitória, que também foram rebaixadas, e os times que chegaram às quartas de final em 2020, mas não subiram: Fortaleza, Juventus, Ceará e Tiradentes-PI.

10.   E como você se sente sendo a convocada para ser nova colunista da Trétis, falando de futebol feminino, algo que gosta tanto?

Fico feliz que as portas estão cada vez mais sendo abertas para o futebol feminino, já que através da informação e dessa preocupação com a cobertura poderemos fortalecer cada vez mais a modalidade que precisa de apoio. Além disso, serei um pouco clubista também, já que o objetivo é enaltecer o futebol feminino, mas principalmente as Gurias Furacão.

A série A2, por dois anos consecutivos, foi disputada por 36 equipes participantes, divididas em seis grupos de seis equipes, se enfrentando entre elas. Os dois melhores colocados se classificam para o mata-mata em jogos de ida e volta.

As transmissões dos campeonatos podem ser acompanhadas pela CBFTV, My cujoo e Furacão Live (a confirmar).

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