Athletico encarou todos os semifinalistas - e o futuro campeão - da Libertadores em mata-matas nessa temporada
2020 é ano de Olimpíadas. Eu gosto muito de acompanhar outros esportes nesse período. A última realizada no Rio de Janeiro rendeu uma medalha de ouro inédita em um esporte que passa longe de ser popular até mesmo no atletismo. Afinal de contas quem se arrisca a pular seis metros de altura impulsionado por uma vara? O brasileiro Thiago Braz (foto) arriscou, pulou 6.03m e conquistou o lugar mais alto do pódio em casa.
Mas o caminho pra Braz não foi fácil. Ele chegou pressionado na competição. Thiago havia zerado sua prova no Pan 2015, ficou apenas em 19º no Mundial Pequim. No Mundial de Atletismo em pista coberta, ele acertou apenas um salto e saiu precocemente da competição. A competição foi realizada cinco meses antes das Olimpíadas. Na competição em casa ele venceu o principal favorito, o francês Renaud Lavillenie.
O sarrafo do Athletico subiu e subiu muito quando vencemos a Copa Sul-Americana 2018. Neste ano já estava previsto o “supercalendário” após a conquista internacional, com a entrada do time na fase de grupos da Libertadores, nas oitavas de final da Copa do Brasil e com as disputas internacionais da Recopa e da Levain Cup, no Japão. A cada jogo, o desafio seria enorme. E ainda está sendo.
Primeiro, vieram os confrontos históricos e inesquecíveis contra o Boca Juniors na fase de grupos. A noite de 2 de abril, na Baixada, mostrou que poderíamos passar do primeiro sarrafo imposto. E o salto conduzido por Marco Ruben foi com muito estilo. Encaramos os argentinos de igual pra igual em La Bombonera e até hoje lamentamos os erros de arbitragem e o gol tomado no último lance da partida. Caímos de pé.
Na primeira ida à Argentina, também começa mais um desafio. Encurtaram nosso “equipamento” com as ausências forçadas de Thiago Heleno e Camacho por doping. Ambos já completaram quatro meses sem jogar e estão à espera do resultado da Conmebol.
O sarrafo aumentou mais um pouco em uma nova final continental. Dessa vez com o River de Marcelo Gallardo. Novamente aconteceu uma baita partida na Arena. Novamente Ruben deu esperanças e colocou o Athletico em vantagem. Novamente os gols tomados no final em Buenos Aires impediram o sucesso no salto rubro-negro. Mas caímos de pé.
O destino nos colocaria logo quem nas oitavas de final da Libertadores? O Boca Juniors de novo. Juan Román Riquelme, um dos principais ídolos da história dos xeneizes, já disse: “A Libertadores começa no mata-mata”. Sem Renan Lodi, um dos nossos principais “saltadores” que foi pular na Espanha, não conseguimos repor com qualidade à tempo. O sarrafo subiu demais pro tamanho do pulo do Athletico e ficamos pelo caminho após 180 minutos. Mas caímos de pé.
Encaramos o Flamengo com (ou sem?) VAR na Baixada em mais uma arbitragem tendenciosa para clubes do eixo e não conseguimos vencer em casa. O sarrafo do Maracanã era alto? Sem dúvida! Mas os atletas do Furacão tiveram força pra pular por cima do Flamengo na cobrança de pênaltis e deixaram mais um gigante pra trás.
O que todos esses times tem em comum? São semifinalistas da Libertadores, assim como o Grêmio, nosso rival nas semifinais da Copa do Brasil. Enfrentamos em mata-mata os quatro melhores times da América e, consequentemente, o futuro campeão do continente. Quem imaginaria isso há poucos anos?
O sarrafo pro Furacão está subindo bastante. Nesse ano não tivemos sucesso nas competições sulamericanas, mas ainda podemos ter na Copa do Brasil. O desafio mais uma vez é enorme, mas já provamos que podemos encarar de frente. Thiago Braz estava em um salto de 5.93m contra o favorito da prova e decidiu passar dos 6 metros pela primeira vez na história das Olimpíadas. Ele arriscou e conseguiu. O Athletico pode novamente passar de sarrafo. Mas precisará arriscar na próxima quarta, contra um time acostumado a esses saltos.
Alguém aceita o desafio?