Fernando Munhoz, da chapa "Atlético de novo", ainda cobra investimento no futebol e barateamento dos ingressos; confira propostas
O advogado Fernando Munhoz compõe a chapa “Atlético de novo”, que concorrerá à presidência do Conselho Deliberativo do Athletico em eleição marcada para 8 de dezembro. A chapa ainda não oficializou o nome que concorrerá pela cadeira da presidência, mas Munhoz é cotado para assumir o Conselho Administrativo, atual cargo de Mário Celso Petraglia.
Munhoz representa a oposição à gestão atual e falou à Trétis sobre propostas e ideias caso a chapa “Atlético de novo” seja eleita para o quadriênio 2023-2027. Chapa questiona a competência dos atuais diretores da gestão atleticana, o totalitarismo de Mário Celso Petraglia e cobra maior investimento no futebol do Furacão.
“Haverá investimento, será pesado, para que a gente monte um time forte.” – diz Munhoz, caso eleita a chapa “Atlético de novo”
Fernando Munhoz também comenta as possibilidades de venda da Saf atleticana, as falas de Petraglia que colocam oposição como aventureiros e uma possível diminuição do preço dos ingressos avulsos e planos associativos:
“O futebol tem apelo popular, a história do Athletico é popular, tem muito torcedor de baixa renda, temos que respeitar esse torcedor, possibilitar que ele possa ir.”
Confira a entrevista completa:
Trétis – por que a gestão atual não merece mais um quadriênio?
Fernando Munhoz – Porque as pessoas que estão lá não são competentes para gerir o Athletico. Isso é um fato. As pessoas caíram de paraquedas, são puxas saco do atual presidente, não tem competência para nada em suas vidas, então hoje estão lá porque tem seus rendimentos lá, dependem do clube, se saírem de lá não tem para onde retornar. São pessoas que não tem expertise, desconhecidas, se perguntar quem dirige o clube, ninguém sabe quem é. o Athletico precisa ter atleticanos que tenham qualificação, que fizeram muito pelo clube, tem disposição de voltar. O Athletico completará 100 anos, tenho certeza que vamos completar outros centenários, mas para isso precisamos de renovação, o que não vemos com a atual diretoria.
Trétis – o presidente Mário Celso Petraglia comentou a candidatura da chapa “Atlético de novo”. Gostaria de comentar?
Fernando Munhoz – Falas desnecessárias, mas faz parte do perfil agressivo que ele tem, por isso que se cerca de pessoas que baixam a cabeça para ele, diferente de nós. Não somos aventureiros, sempre trabalhamos pelo bem do clube. O Athletico não pertence a uma pessoa, ou a uma família. Talvez ele queira uma Coreia do Norte, conosco não tem isso. Ele faz uma distinção de verdadeiros atleticanos, só vale atleticano que gosta dele? É algo que não tem cabimento. Estamos tendo um final de ano melancólico.
Trétis – O que dá pra adiantar das propostas da “Atlético de novo”? Seja em futebol, investimento, para o centenário.
Fernando Munhoz – Posso dizer que estamos finalizando as propostas. Na terça-feira, com o registro da chapa, vamos divulgá-las. O que posso adiantar é que o foco é o investimento no futebol, principalmente por se tratar do ano do centenário. A nossa expectativa era de poder jogar a Libertadores, infelizmente não será possível, mas temos que fazer um ano de centenário que dignifique a história do Athletico e o investimento em futebol é fundamental para que tenhamos um time competitivo e possamos ganhar um título de grande importância, uma Copa do Brasil, um Campeonato Brasileiro, a Sul-americana. A começar também pelo Estadual, que é uma obrigação que nós temos, pelo tamanho que é o Athletico. Então com certeza vai haver um investimento forte em futebol, um time como o Athletico só existe por conta da paixão de sua torcida e o objetivo é o futebol.
Trétis – quem são os representantes da “Atlético de novo” para as funções da direção do Athletico? Quem concorre para presidente do Conselho Deliberativo?
Fernando Munhoz – Temos até terça-feira para fazer a inscrição da chapa, nós somos um grupo de vários atleticanos, que debatem o Athletico há muito tempo. Não é algo de ontem, é de muito tempo. Tivemos uma chapa em 2015 liderada pelo Henrique Gaede, que permanece participando deste grupo. Em 2019 entendemos que não era o momento de lançar uma chapa, agora entendemos que é o momento para refletirmos sobre o futuro. Temos vários nomes, coloquei o meu à disposição. Até terça-feira teremos essa definição.
Trétis – existem notícias que confirmam o nome de Henrique Gaede para concorrer, novamente, pelo Conselho Deliberativo. É verdade?
Fernando Munhoz – Sobre o Gaede, ele ainda não definiu. Não tenho como dizer se vai ser, ou não. Pode ser que venha a ser. Caso não seja, teremos outro nome, outro atleticano, e com certeza será alguém reconhecido em sua área de atuação, temos que ter pessoas gabaritadas. Formaremos uma chapa com grandes atleticanos.
Trétis – temos 14 dias para a eleição, porque essa oficialização de candidatura tão em cima da data do processo eleitoral?
Fernando Munhoz – Não diria em cima da hora, porque o edital foi lançado ontem. Esse grupo debate o Athletico há muito tempo, não foi ontem que sentamos e decidimos isso. É uma conversa que vem sendo feita internamente há muito tempo. O período de campanha é curto, mas acredito que temos que revisitar 2015, muitas pessoas nos conhecem, também somos torcedores que estamos na Baixada em todos os jogos. As redes sociais facilitam a campanha, serão 10 dias bem intensos e pretendemos levar ao conhecimento do torcedor as nossas propostas.
Trétis – como a “Atlético de novo” vê a venda da Sociedade Anônima do futebol do Athletico?
Fernando Munhoz – O melhor cenário seria manter a maioria das ações, mas o mercado é um pouco reticente a posição. Tanto que lá atrás a pretensão seria a venda de 49% do capital, o Athletico permaneceria no controle societário. Hoje a atual diretoria, ao que parece, já está disposta a vender a maioria das ações. É algo que está presente no futebol, vários clubes estão adotando, mas temos que ter claro o formato que nós queremos. Queremos entregar o clube para um grupo estrangeiro e os torcedores do Athletico não vão participar em nada na gestão do clube? Esse formato não me agrada, de alguma forma, alguma política de governança corporativa, os torcedores do Athletico tem que ter a palavra, tem que ter voz, para que o clube tenha um futuro condizente com que a torcida deseja. Não sou contra os clubes serem uma empresa, eles tem que ser geridos como empresa, não pode mais ser amador e acho que a discussão da SAF é uma discussão ampla e tem exemplos bem sucedidos e não tem bem sucedidos, como o do Bahia, que pode ser rebaixado neste ano, tem que verificar qual é a melhor sistematização. Temos que ter uma conversa no conselho do Athletico, com os torcedores. Não podemos ficar parados no tempo, precisamos de recurso para investir no futebol. É um tema da mais alta importância e tem que ser amplamente discutido.
Trétis – O Athletico fez seu ano de maior investimento no futebol em 2022, quando foram gastos R$88 milhões. Como vocês projetam o investimento nesta área?
Fernando Munhoz – Não dá pra projetar um número em si, precisaria ver o balanço, quando tem em caixa, o Athletico não tem a transparência que deveria ter. Ninguém vai fazer nenhuma loucura que possa colocar em risco a saúde financeira do clube. O Athletico investiu, mas na janela do meio deste ano nos fomos mal, isso repercutiu no segundo semestre, que não foi o que a torcida desejava. Temos carências no elenco e elas tem que ser supridas. Nosso melhor jogador já está negociado, se ele for em janeiro para o Barcelona, é uma peça que temos que repor. Temos que formar um elenco forte em todas as posições para que tenhamos condição de disputar títulos no ano do centenário. Haverá investimento, será pesado, para que a gente monte um time forte. Aquilo que for possível seguramente será investido.
Trétis – Mário Celso Petraglia e Alexandre Mattos falam que o Athletico “bateu no teto”. É possível investir mais?
Fernando Munhoz – Com a venda do Vitor Roque, com antecipação de recebíveis de TV, há a expectativa de um faturamento alto neste ano. O investimento tem que estar atrelado a quanto se fatura, se o Athletico faturar mais, vai ter condições de investir mais, não há sentido em não investir no futebol o que se fatura a mais. Está tudo atrelado a quanto se fatura, claro que a venda de Vitor Roque não vai se repetir todo ano, mas, se nesse ano teve isso, neste ano tem-se que investir a mais, até porque, como consequência disso, tem os títulos e um retorno a mais, com ingressos e planos associativos.
Trétis – o Athletico tem um teto baixo para a contratação de treinadores e aposta na formação para a posição, dados os casos de Wesley Carvalho, Paulo Turra e Tiago Nunes, por exemplo. Como a “Atlético de novo” se posiciona em relação a isso?
Fernando Munhoz – Tendo nomes disponíveis no mercado, a gente não pode impor um teto. Temos que ir atrás do que tenha de melhor no mercado. Se tiver um nome bom, que seja acessível para o clube, não vejo problema em investirmos num treinador de alto nível. Também não vejo problema em nós mantermos uma escola de formação de treinadores, mas, agora, não tem que ser algo obrigatório. Não pode limitar nossa atuação. Se tiver um bom treinador no mercado, com preço acessível, temos que ter um bom senso, mas se tiver nomes bons, vamos atrás.
Trétis – Uma das propostas em 2015 era de diminuir o preço do ingresso avulso pela metade. Vocês mantém essa ideia?
Fernando Munhoz – Lógico que temos que fazer um estudo financeiro dentro do que hoje é o caixa do clube e, na medida do que for possível, temos que criar faixas de ingressos, de planos associativos, que possibilitem o torcedor com menor renda ir ao estádio. Um ingresso a R$200, hoje, para um pai de família levar seu filho ao estádio é inviável, não consegue. O futebol tem apelo popular, a história do Athletico é popular, tem muito torcedor de baixa renda, temos que respeitar esse torcedor, possibilitar que ele possa ir. Por exemplo, utilizar o Campeonato Paranaense com valor menor para que, nesse período, o torcedor possa levar seu filho ao estádio. A gente também sabe que Futebol demanda dinheiro, temos que encontrar um equilíbrio nessa situação.
Trétis – há a intenção de mudanças nos planos de sócio?
Fernando Munhoz – Tentaríamos encontrar uma maneira de possibilitar o torcedor de baixa renda a se associar. Buscaríamos isso no orçamento, acho que seria válido a gente resgatar, poder trazer os torcedores que ainda não podem se associar.
Trétis – o que falta na relação entre o Athletico e torcedor?
Fernando Munhoz – Falta empatia da diretoria atual com a sua torcida. A torcida é o principal ativo do clube. O time só existe por conta da torcida. Todos os olhares da diretoria tem que estar voltados para o melhor para o torcedor, tudo que for possível melhorar tem que ser feito. Muito do nosso plano de sócios foi incorporado pela diretoria, fizemos apresentação, tivemos um grupo de trabalho, visando possibilitar que o torcedor vá ao estádio, e esse plano se mostrou muito bom, temos muitos sócios. Falta empatia e um pouco de respeito, eu sinto isso, o torcedor se sente magoado com o que é dito pela diretoria. Sou um torcedor, sei como isso é, como o Athletico impacta no nosso dia a dia.
Trétis – como a “Atlético de novo” projeta o relacionamento com a torcida organizada?
Fernando Munhoz – Uma relação de respeito. Independência, mas tem que haver uma relação de respeito. O torcedor tem que ser respeitado, todos merecem o devido respeito. A atual diretoria vive de fases com a torcida, na eleição de 2011 o Mário Celso Petraglia foi à sede da torcida fazer campanha, teve o apoio declarado. Em 2015, a torcida também declarou apoio a ele, embora grande parte da torcida tenha nos apoiado, é um vai e vem. Quero ter um relacionamento de respeito e independência.
Trétis – em 2015, a proposta era mudar o esquema do presidencialismo para um conselho gestor. Vocês mantém essa ideia?
Fernando Munhoz – Hoje não pensamos em conselho gestor, pensamos numa gestão que seja realizada por mais de uma pessoa. Hoje temos uma centralização no Athletico e quanto essa pessoa, por motivo de enfermidade tem que se afastar, o que vimos nesse último semestre é que as pessoas que lá estão não tem a competência necessária para gerir o clube. É importante ter um grupo de pessoas capazes que deem suporte ao presidente.
Trétis – a grafia do nome da chapa é “Atlético de novo”, sem o H. Está entre as propostas a mudança de nome de volta para Atlético Paranaense?
Fernando Munhoz – Não é algo que vai mudar a dinâmica do clube. O nome sem o H me traz um gosto pessoal maior. Se a torcida achar que deve regressar ao que era, não vejo problema. Não acho que devemos nos debruçar acerca disso. O que acho importante é manter a mística do rubro negro. Isso é fundamental, está na nossa história, no nosso sangue. Não podemos esquecer o passado, mas temos que pensar no futuro. Não é algo que tenha sido objeto de discussão.
Trétis – Uma das propostas em 2015 era da não utilização do projeto de Aspirantes no Campeonato Paranaense. Ela se mantém?
Fernando Munhoz – O que foi projetado em 2015 acabou sendo utilizado pela atual gestão. Basta ver que em 2016 jogamos com o time principal e fomos campeões. Temos que utilizar, mas saber mesclar, para que seja uma oportunidade para dar chance aos jogadores que não integram o elenco principal, mas temos, sim, que utilizar o Campeonato Paranaense como uma preparação para o restante do ano. Em alguns jogos o time principal tem que ser utilizado.
A Trétis fará cobertura intensa e imparcial durante todo o processo eleitoral do Athletico. Fica aberto o canal para que a atual gestão também se posicione e fale ao torcedor do clube.