Pé na estrada: casal vem a todos os jogos do Furacão

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Conce e Bernardo encaram, todos os jogos, 180km entre Paranaguá e Curitiba

O que você encararia pelo Athletico? O casal Conce e Bernardo encaram, em todos os jogos na Arena da Baixada, 180km (ida e volta) de Paranaguá-Curitiba. “O primeiro jogo que fomos foi em 2005. Bernardo tinha uma reunião em Curitiba e meu filho e eu fomos juntos. Estávamos a caminho e ouvimos no rádio do carro que o Athetico iria jogar naquela noite na Arena. Então o Bernardo falou “Vamos assistir esse jogo?”. Na hora já topamos, pois não conhecíamos o estádio. Pense na emoção quando entramos. Fiquei arrepiada, encantada! E o Furacão deu um show: ganhou do Vasco de 7 x 2. Voltamos para casa já pensando como fazer pra ir no próximo jogo”, comenta Conce Villanueva. “Nessa época ainda estávamos trabalhando, então íamos e voltávamos. Quando o jogo era a noite, chegávamos em Paranaguá 1h30 e no dia seguinte estávamos trabalhando, firmes e fortes”, relembra.

 

 

O amor pelo Athletico surgiu na adolescência, quando o rubro-negro foi jogar no litoral. “Eu não assisti o jogo, mas morava próximo ao estádio e vi a torcida com bandeiras. Ali já me encantei e comecei a torcer. Eu amo futebol, é uma coisa impressionante o que ele nos faz sentir”, conta Conce. O casal mora há 2 quadras da Estradinha, estádio do Rio Branco. “Moramos na Avenida passa tudo de chegada e saída de Paranaguá, então as torcidas passam aqui na frente. Eu tenho uma bandeira enorme do Athletico na minha sacada, faz quatro anos. E como nos xingam”, comenta riondo. “Todos se conhecem na cidade e é muito legal.”

 

Mas se você está se perguntando se Conce e Bernardo se conheceram por causa do Furacão, a resposta é não. “Somos casados há 37 anos, mas não nos conhecemos por causa do Athletico. Eu sabia que ele era atleticano, jogava bola, mas nunca falamos sobre isso”, ressalta. O pai de Bernardo, o paraguaio Villanueva, jogou no Furacão de 1949.  “Ele foi comprado pelo Athletico do Cerro Porteño e jogou com aquele Furacão de 1949, com o Jackson… Depois, foi comprado pelo Rio Branco e conheceu a mãe do Bernardo aqui, em Paranaguá. Tiveram cinco filhos e criaram raízes na cidade”, conta.

 

AMOR DE GERAÇÕES

Conce e Bernardo tem uma grande família, dois filhos: Diego, que mora no Japão, e Rafael, que mora em Pinhais; e duas netas: Maria Eduarda, filha de Diego e Rafaelly, filha de Rafael. “O Diego, minha nora Dúbia e a Duda moram no Japão já faz quase 10 anos e foram muito na Arena. O Diego assiste o jogo de lá, troca os horários do trabalho para ver as partidas, troca folga. Além de ficar no whats com a gente”, comenta. Mas, a parceira de viagens e Arena é a neta Rafaelly. “Temos três cadeiras. A Rafinha vai conosco desde os dois anos de idade – hoje, tem 16. Lembro que, quando ela e a Duda eram pequenas, deixava elas cantarem as músicas da torcida, mas advertia que não podiam cantar em casa para que as mães não brigassem comigo”, relembra.

 

Rafinha e o pai, Rafael

 

 

Diego, Duda e Dúbia

 

Conce, Rafinha e Bernardo

 

Duda

Rafinha na Arena

 

 

As viagens para Curitiba são sempre programadas. “Como não temos onde ficar, temos despesas. Então, nos programamos para ir e voltar no mesmo dia. Preferimos sair cedo daqui, chegamos com calma, estacionamos o carro no estacionamento Bom Jesus, passeamos no shopping e tudo mais”, afirma. Segundo Conce, muitas pessoas perguntam como ela pode gostar tanto de ir aos jogos. “Sempre escuto ‘nossa, você prefere ir no jogo e não no Shopping’ e eu sempre respondo: ‘mas eu vou nos dois’. Me chamam de louca, mas eu gosto! Sempre tiramos fotos e postamos no facebook, instagram, até para que o Diego veja também”, conta e complementa: “No dia do jogo contra o Boca, a Rafinha tinha prova. Fez em meia hora! Ainda bem que é uma boa aluna”, conta rindo.

 

De acordo com Conce, a neta entende muito de futebol. “O padrasto da Rafinha é coxa e o irmão dele fala sempre ‘não sabe o nome dos jogadores do time do seu avô’, só para irritá-la. Aí ela vai e passa a escalação completa do time. Quando chega na escola e os meninos ficam tirando sarro dela, pergunta ‘vocês que torcem para o Flamengo, Corinthians… já foram alguma vez assistir o time? Eu vou sempre na Arena’, ela fala. Mostra até que tem cadeira na Baixada.”

 

EMOÇÕES QUE O ATHLETICO PROPORCIONA

Conce lembra que, antigamente, os jogadores ficavam na antiga Boutique. “Teve um jogo que, quando estávamos quase chegando, meu filho me ligou e falou que o Rafael Moura estava entrando na Boutique. Falou para nós voltarmos para casa pegar a câmera digital – na época não tinha celular que fotografava. A fila estava dando voltas e nós falamos que queríamos comprar. O segurança nos deixou passar e conseguimos a foto”, relembra. “Tinha que voltar a Boutique, era tão legal. Eu adorava”.

 

Para Conce, a primeira emoção foi conhecer a Arena. Mas o título da Sul-Americana foi o mais marante. “Pegamos um hotel e dormimos lá. Nossa, foi demais. Nos pênaltis eu não vi nada. Me abaixei, pois sento toda vez que tem pênalti. Eu fiquei sentada, com as mãos juntas. Lá na Brasilio somos quase uma família, sentamos uma galera junto há muito tempo. Todos acham um máximo que vamos em todos os jogos. E aquele dia foi mais emocionante ainda! Eu só ouvia o barulho e aquela explosão”, comenta. “Foi emocionante! Depois ver a alegria dos jogadores… Meu Deus do Céu. O paranaense do ano passado também… Eles vieram bem pertinho de nós. A Rafinha nunca tinha visto o time ser campeão de perto… Saiu abraçada comigo, chorando. Emocionante”.

 

A primeira vez que Conce foi ao estádio, foi no Mineirão. “Eu e Bernardo éramos noivos e fomos pra Minas num Carnaval. Acabei ficando por lá e minhas amigas me levaram para ver o Nelinho, era fã. Aliás, antes, eu era fã de alguns jogadores, de times diferentes. Renato Gaúcho, Socrátes (todos gostavam do Zico e eu do Sócrates)”, comenta. Hoje, o preferido é Bruno Guimarães. “Ele é top. Desde que ele começou nos aspirantes, eu fiquei encantada com o futebol dele. Ele é um fofo. Preciso tirar uma foto com ele antes dele ir embora”, conta rindo. “Minha neta sempre fala ‘vou mandar um áudio pra ele, uma mensagem para que ele atenda a senhora’. Num jogo que estávamos assistindo, ele errou um passe e o Bernardo comentou alguma coisa. Virei para ele e falei ‘não fale assim com ele’, a Rafinha olhou para mim, dando risada e comentou ‘Vó, a senhora falou com o vovô como fala quando briga com meu pai ou meu tio’. Eu não deixou ninguém falar dele”, salienta.

 

“Eu não vou na Arena para assistir outro time, eu vou para ver o Athletico jogar. Grito, xingo! Essa sou eu. Acompanho o time pela televisão, assisto todos os canais que falam sobre ele. Fico maravilhada quando falam da gente! Agora vai passar na TV aberta, sendo que é o time que mais vai passar… bate um orgulho imenso”, finaliza.

 

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