Projeto de lei visa acabar com a violência nos estádios pela segurança preventiva

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Deputada estadual Ana Julia (PT) trata diálogo entre torcidas, clubes e polícia como fundamental para a segurança preventiva

Em ação que proporcionou a união das Torcidas Organizadas de Athletico e Coritiba, a deputada estadual Ana Júlia Ribeiro tem proposta que promete reduzir ao máximo a violência relacionada ao futebol com base na segurança preventiva: “isso só é possível se a gente cuidar do problema antes dele acontecer”.

O objetivo do projeto de lei, do que temos construído, é para que a gente tenha uma política de segurança preventiva mais forte e para que a gente tenha um contato maior entre as torcidas organizadas, os clubes, a polícia, etc. Mas também é de garantir aos torcedores um espaço de manifestação, de exercício das torcidas.

Em entrevista exclusiva à Trétis, a deputada explicou a ideia do projeto

Em depoimento também exclusivo à Trétis, o diretor de comunicação da Torcida Organizada Os Fanáticos, Anderson Mateus, conta que a ideia surgiu depois de proposta de lei do deputado Tito Barrichello (União) que previa multas a torcedores: “A deputada virou uma aliada das torcidas […] chamou as torcidas da capital e do interior para conversar e nos posicionamos contra”.

O problema, para eles, está na efetividade das medidas punitivas para a resolução do problema que existe desde o início das torcidas de futebol. Para Ana Julia:

-A efetividade de qualquer medida punitiva é menor quando não temos antes uma política preventiva. O nosso grande problema é que há uma criminalização excessiva do que são a parte organizada das torcidas e há um punitivismo que na prática acaba não resolvendo o problema e que pune as pessoas erradas – pune muitas vezes a diretoria da torcida organizadas e não as pessoas que de fato se envolveram numa briga.

Para Anderson Mateus o diálogo é de suma importância: “Temos a ideia de chamar os clubes para conversar, outros deputados, de fazer algo amplo e aberto para que possamos, de maneira eficaz, combater a violência. Com base no diálogo e em medidas preventivas a gente vai acabar com a violência, do jeito que a gente vem fazendo, só punindo, não tem dado certo.”

O problema é amplo

Para Ana Julia, a violência relacionada ao futebol é problema que anda de mãos dadas com a violência que abrange toda a sociedade: “o que a gente vive com o futebol é uma decorrência da nossa sociedade, então precisamos ter um trabalho como um todo de campanhas de conscientização, combate a violência, políticas de segurança pública preventivas.”

Casos de brigas nas ruas aumentaram no Brasil depois da volta das partidas com público, com a flexibilização das medidas contra a Covid-19, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, de março de 2022. Desde então, confrontos em clássicos Atletiba já foram registrados, até dentro do Couto Pereira no Campeonato Paranense do ano passado. A deputada projeta o impacto do projeto de lei que ainda está em construção: “É possível que a gente trace medidas que resolvam a situação para que quando tiver seja algo pontual, entre uma pessoa e outra, que acontece com um indivíduo.”

Ana Julia continua, e prevê futuro de paz no futebol:

-Vejo como muito próximo um futuro de paz entre as torcidas no futebol paranaense. Acredito que é muito importante essa conversa que as organizadas tem tido de sentar na mesma mesa e ter um mesmo objetivo em comum: torcer, animar as arquibancadas, fazer festa. Juntos, conseguimos construir uma sociedade com menos casos de agressões, tenho esperança de que vamos construir algo muito bonito e pioneiro no Brasil aqui no Paraná, que é um futebol com estádios cheios, com as duas torcidas, sem brigas e com a rivalidade só dentro do campo.

Atletiba

Diretores de torcidas de Athletico e Coritiba se reuniram para debate contra a torcida única | Foto: Divulgação/Alep

E futuro de paz pode ter início neste domingo, às 18h30, no primeiro clássico Atletiba com a volta da presença das duas torcidas desde março de 2022. Iniciativa de união promovida entre as torcidas e Ana Julia teve parte no acordo entre clubes e forças de segurança – que possibilitou volta da torcida visitante – em reunião na Assembleia Legislativa. A deputada comenta a importância do fato:

-É uma conquista muito importante para a festa que é o futebol. É um passo muito importante para a construção das articulações e das conversas que a gente tem feito e isso, com toda certeza, reverbera no nosso projeto que está em fase elaboração ainda. Agora precisamos ver o resultado do que a gente alcançou. Estou animada, confiante e tenho certeza que a estamos mais próximos de resolver esse problema do que já estivemos e temos que aproveitar essa oportunidade para construir aquilo que precisamos.

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