Sete dias de Athletico

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Como ficamos com todas as mudanças?

Há uma semana, o Furacão inovava com uma jogada que causou estranheza no cenário nacional. Novo escudo, novos uniformes e uma nova grafia em seu nome. De início, é fundamental registrar que toda mudança que envolve qualquer tipo de questão tradicionalista tende a ter recepção negativa, visto o apego àquilo que estamos acostumados. Quando é no futebol, então, já viu.

 

Petraglia e seu time correram um grande risco em termos de marketing, já que, definitivamente, foi uma jogada “8 ou 80”. O Athletico passou pelo estágio natural de linchamento nas redes sociais que provavelmente aconteceria com qualquer clube que fizesse o que fizemos, e isso ocorreu um dia antes da final mais importante da Arena da Baixada. Em caso de derrota, possivelmente o deboche se estenderia e as mudanças teriam dificuldade de aceitação por parte da torcida. Como vencemos, uma parcela significativa dos atleticanos teve boa vontade, visto a euforia, e o Athletico, como marca, terá maiores palcos para expor suas alterações no ano que vem, ganhando uma atenção extra que dificilmente teria antes.

 

Pessoalmente, a questão de maior incômodo foi a inclusão da letra H no nome do clube. Ao menos não foi algo “inventado”, visto que remete ao passado do clube, mas é inegável que causa um sentimento esquisito. Entretanto, passados poucos dias, começa a soar mais natural, e a tendência é que nos acostumemos. Se eu, colunista, tivesse poder de decisão, não teria feito, porém, como podem perceber, não me chamo Mário Celso. E por isso é mais saudável enxergar o lado positivo.

 

Será um período em que torcida e imprensa terão que se acostumar. Passado pouquíssimo tempo, já percebemos que a dificuldade deve ser menor do que imaginávamos. Vemos os principais canais de comunicação aderindo a nova grafia, enquanto alguns ainda se confundem, misturam as coisas e tudo mais. Extremamente natural. Nesse ponto, inclusive, é bom darmos uma força ao senso comum da maneira que podemos. “Athletico-PR” ou “Athletico Paranaense” será necessário daqui pra frente? Creio que não, e vejo que esse era justamente um dos principais objetivos de Petraglia.

 

No sorteio da Libertadores, na segunda-feira (17), foi interessante notar a diferenciação entre “Atlético-MG” e “Athletico”, que apareceu dessa forma, muitas vezes sem indicativo de estado, o que soa agradável. Na pronúncia não mudamos, e seguimos sendo “Paranaense”, porém é significativo analisar o impacto da mudança especialmente considerando o atual cenário das redes sociais e de ferramentas de pesquisa.

 

Chegando no novo escudo, coloco uma questão chamou a atenção nos últimos dias. Percebam como diversas pessoas Brasil afora apareceram exaltando nosso antigo emblema, o colocando como um dos mais bonitos do país (e elas tem razão). Agora, notem como jamais tínhamos lido isso, pelo menos não no que diz respeito ao senso comum. Valorização da marca antiga através da nostalgia, que tende a permanecer, e lançamento da nova linha de produtos. Acaba agradando, de alguma forma, os dois lados da história. Podíamos ter um lindo escudo, o que é fato, mas ele era mais um entre tantos. Agora que mudamos, ele se torna mais apreciado.

 

A respeito do visual no geral, também causa certa estranheza justamente pela questão ressaltada logo no início do texto, sobre a recepção a mudanças. Mas uma hora passa, inevitavelmente. O ponto mais frágil está nos uniformes, que parecem mais uma linha casual do que camisas de jogo, e essa impressão não passou ao longo de sete dias. Porém, não está errado dizer que é o menos grave, visto que já tivemos camisas feias com a identidade antiga. E elas mudam todos os anos.

 

Colocando todos esses pontos, não quero recriminar aqueles que reagiram mal às mudanças, visto que esse é um direito totalmente legítimo. Não existe unanimidade e nem teria como. É importante lembrar, porém, que seguimos torcendo para o mesmo clube, apesar dos pesares, e que determinadas questões estão abaixo do sentimento de amar o Athletico, o Atlético-PR, ou o que prefira. Gostando ou não gostando do que foi apresentando na semana passada, continuamos sendo Furacão.

 

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