Clube boliviano teve segunda melhor campanha geral na fase de grupos da competição e terá em Francisco da Costa uma novidade conhecida do Athletico
“Nós, como Bolívar, somos construídos para jogar pressionando para poder conquistar logo o gol rival.” Foi como o treinador Beñat San José definiu a essência do Bolívar, adversário do Athletico nas oitavas de final da Copa Libertadores.
Espanhol, formado nas categorias de base da Real Sociedad-ESP e multicampeão no futebol da Arábia Saudita, do Chile, da Bolívia e da Bélgica, San José foi o escolhido pelo grupo City, que gere o Bolívar, para função que vai além de treinar o time, mas passa pelo desenvolvimento da base e por construção mental, segundo o treinador.
“Como técnico, gosto de trabalhar muito em táticas. Na verdade, o estilo de jogo, além dos sistemas, do desenho tático, para mim o mais importante é a ideia do jogo.“
Beñat San José, técnico do Bolívar, à ESPN
Ideia de jogo que foi definida pelo treinador como um futebol de pressão, tem dois destaques estatísticos na Copa Libertadores desta temporada – o Bolívar recupera mais de 62 bolas por jogo em sua fase defensiva, mas tem média que ultrapassa as 123 bolas perdidas a cada partida. Em seis jogos, finalizou 91 vezes ao gol – média de mais de 15 por jogo.
Jogo de intensidade rendeu a segunda colocação do grupo C da competição e na classificação geral, com 12 pontos, três atrás do Palmeiras, que perdeu no confronto entre as equipes em La Paz, por 3 a 1. No estádio Hernando Siles o Bolívar foi 100% na fase de grupos, marcou seis gols e sofreu apenas um.
Diego Bejarano, meia boliviano, Ronnie Fernandez, atacante chileno e Gabriel Villamil, criado na base do clube dividiram a artilharia na Libertadores, cada um com dois gols. Fernandez é o líder geral do Bolívar na temporada, tem 13 gols e é o centro avante titular da equipe.
Clube ainda terá à disposição o atacante Francisco da Costa, ‘Chico‘, revelado na base do Athletico em 2013. Jogador se recuperou de lesão recente e soma poucos minutos na temporada, teve último semestre muito afetado por desconfortos e o técnico Beñat San José fez apelo à torcida: “é o único que peço, corre risco de lesão”.
Chico foi ao Bolívar depois de temporada de destaque no Sol de América-PAR em 2021 e teve 2022 de alto nível – marcou 24 gols e distribuiu 11 assistências em 40 jogos. Destaque rendeu oportunidade no Atlético Nacional-COL, por empréstimo, mas jogador voltou à Bolívia depois de apenas 12 jogos.
Em entrevista à TNT Sports, Da Costa justificou saída rápida do futebol brasileiro: “No Athletico, me dei conta de que já estava num time que usava muito a base, coisa que não era tão normal na época, entre 2013 e 2015. E mesmo assim eu via muitos jogadores ficando de fora, sem espaço.” Chico também teve passagem pelo futebol mexicano e teve situação sondada pelo Coritiba, em junho deste ano.
Mentalidade vencedora
Na única vitória fora de casa do Bolívar na Libertadores, goleada por 4 a 1 em cima do Cerro Portenho mostrou surpresa ao futebol sul-americano, que, segundo o treinador Beñat San José, se deve ao trabalho mental de sua gestão.
“O que eu gosto muito de trabalhar em minhas equipes e que tentei implementar aqui no Bolívar é a questão mental, o fato de que, infelizmente na história, uma equipe boliviana quase sempre perdeu internacionalmente, teve resultados ruins.”
Treinador continua: “O trabalho mental é como encaramos esse jogo, ou seja, qual equipe queremos ser. É a equipe histórica que sempre perdeu de visitante ou queremos ser uma nova versão? Queremos ser outra equipe nova, não é? Bem, a verdade é que os jogadores responderam muito bem e, como você disse na pergunta, será fundamental não mudar a mentalidade.”
Mesmo que com discurso de mentalidade vencedora, San José adota cautela para comentar as pretensões do Bolívar na Copa Libertadores. Técnico diz que oitavas de final não estão de bom tamanho e que quer competir fora de casa: “tudo levará a ter ambição, a querer ir mais, certo? Mas, acima de tudo, você precisa ir passo a passo.”
Para enfrentar o Athletico na noite desta terça-feira (1), o Bolívar também conta com a volta do brasileiro Bruno Sávio, que veste a camisa número 10. Meia fez apenas três partidas pelo clube desde que chegou do Al-Ahly-EGI – ainda passou por Avaí, Guarani, América-MG e pelo futebol de Croácia e Portugal na carreira.
Bruno Sávio pode estrear internacionalmente em sua segunda passagem pelo Bolívar, fez 16 gols em 31 jogos em 2021. Clube ainda tem o meia Ramiro Vaca, sondado pelo Athletico em 2020, como destaque, além do goleiro Carlos Lampe, presença frequente nas convocações da seleção boliviana.
O Bolívar em quarto colocado na primeira divisão da Bolívia, com 35 pontos somados em 20 jogos, sete atrás do The Strongest, líder. Time vem de sequência de apenas duas derrotas em seus últimos 10 jogos, contra Palmeiras e Real Tomayapo, ambas fora de casa.
Pela Libertadores no estádio Hernando Siles o clube acumula 66% de aproveitamento, com 83 vitórias e apenas 15 derrotas. Clube manda suas partidas em La Paz, 3.625 metros acima do nível do mar.