Uma nova meiuca para 2019

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Léo Cittadini e Tomás Andrade dão uma nova cara para o meio-campo

O Atlético que estamos acompanhando na atual temporada, além de ser bem sucedido em diversos favores, também se mostra precavido e preparado para eventuais adversidades. E, nesse cenário, já observa possibilidades para o ano que vem por aí. Mesmo que o calendário de jogos ainda não tenha chego ao fim para nós, alguns desfechos já são conhecidos.

 

O mais notável é Raphael Veiga. O meia, que assumiu um papel de confiança imediato no esquema de Tiago Nunes, volta para o Palmeiras após o final do período de empréstimo. Depois de um início turbulento e confuso com Fernando Diniz (jogou até de ala direita), Veiga foi posicionado de uma maneira mais familiar com Tiago, indo de encontro com suas características. O jogador assumiu a faixa central na linha de três do 4-2-3-1, tendo liberdade para transitar e sendo poupado de uma carga defensiva na maior parte do tempo, uma vez que, passada a fase da marcação pressão, o time fica compactado em duas linhas e Veiga fica no ataque ao lado de Pablo, como uma espécie de segundo atacante. Sendo assim, ele nunca foi o “armador clássico”, e nem era a intenção.

 

Outro jogador que está de saída é Guilherme, também por conta do final de seu empréstimo. Aqui, temos um estilo radicalmente diferente na comparação com Veiga, mesmo que eles atuem na mesma posição. Guilherme é mais clássico, arma o jogo, participa com mais regularidade da criação, porém peca demais na falta de intensidade, seja defensiva, não colaborando com a pressão na saída adversária, e ofensiva, não tendo velocidade/agilidade na execução dos movimentos.

 

Ao que tudo indica, essas duas figuras centrais já tem substitutos no plantel principal para a próxima temporada: Léo Cittadini e Tomás Andrade, muito próximos de acertarem com o Furacão. Como ficamos com essa “troca”?

 

O argentino Tomás Andrade chegaria após um “repasse” do River Plate, clube dono de seus direitos. Esteve emprestado ao Atlético-MG, que não exerceu o direito de compra de três milhões de euros, e assim segue para o Atlético-PR na próxima temporada também na condição de empréstimo.

 

Tomás teve uma temporada de muita participação no Galo, e seu desempenho, embora nunca encantador, teve desenvolvimento gradual. Realizou 31 jogos e marcou três gols. Canhoto, pode atuar nas duas pontas, porém se sente mais confortável pelo lado esquerdo. É um jogador de boa técnica, que conduz a bola com muita propriedade, mas sofre com a falta de efetividade, de produção. Além disso, mostra muita habilidade com a perna esquerda, mas, assim como muitos canhotos, têm sérias dificuldades com o pé trocado, evitando-o ao máximo. Se mostrou aplicado e muito útil durante sua passagem pelo Atlético-MG, porém jamais ganhou o status de jogador importante. Inclusive, na troca de Larghi para Levir, ele passou a ter bem menos minutos.

 

Já Léo Cittadini é um jogador de características bem diferentes. Sua faixa favorita é a central, e, pelo Santos, fez 75 jogos e marcou apenas dois gols. Seu melhor momento pelo clube foi em 2016, quando, jogando como segundo volante, fez ótimas partidas substituindo Thiago Maia, que foi para as Olimpíadas com a Seleção Brasileira. No mais, nunca foi titular absoluto ou figura imprescindível de qualquer que fosse o técnico no Santos.

 

É notável perceber, nesse período como profissional, a sua mudança de estilo. Cittadini era um talento ofensivo na base, com muita facilidade de condução na parte ofensiva, com bons passes e quebra de linhas. Atualmente, mesmo que ainda prefira jogar como principal criador no meio-campo, ele evoluiu bastante as suas tendências defensivas e acabou regredindo na parte ofensiva, tendo dificuldade de agir sob pressão e errando pases no momento da decisão. Entretanto, como dito, podemos enxergar um jogador mais completo no sentido de dinâmica de jogo, o que permite possibilidades de troca de posição e colaboração em diferentes setores.

 

Dessa forma, é notável que nenhum dos novos reforços tem a característica de Raphael Veiga, titular que está de malas prontas para São Paulo. Com Tomás, teremos um jogador ainda muito jovem (22 anos), com abertura para desenvolvimento, que prefere os lados do campo. Já com Cittadini, ganhamos um atleta para agregar na faixa central, mas que conversa mais com o estilo ofensivo de Guilherme, porém com menos categoria e mais colaboração na comparação com o atual camisa 17. Se o cenário continuar assim e não tivermos mais reforços, quem pode se animar é João Pedro. Embora não tenha a faixa central como “a favorita” (rendeu mais até agora como meia-direita), pode se desenvolver por ali com Tiago Nunes, com quem já teve sucesso. Mas isso é assunto para outro momento.

 

Entre novos reforços e algumas saídas, o Atlético demonstra que está se planejando a longo prazo, encontrando soluções a partir de atletas com um perfil muito parecido: jovens, dinâmicos e com abertura para o desenvolvimento. Sejam bem-vindos, Cittadini e Tomás. 

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