Falhas em transição defensiva, encaixe da marcação, bola aérea e linha de impedimento: como a falta de conjunto impacta diretamente nos gols sofridos
Os zagueiros Lucas Belezi (três jogos em cenário nacional) e Marcos Victor (um jogo em cenário nacional) falharam nos gols sofridos pelo Athletico, em derrota por 2 a 1 contra o São Paulo. Quem poderia imaginar? Afinal, parece boa ideia passar uma temporada completa com apenas três opções para o miolo de zaga.
Quando não teve Thiago Heleno, com dores musculares, nem Kaíque Rocha (após falhas constantes e saída necessária da equipe), Lucho González olhou para o banco e viu Belezi e Marcos Victor como opções. Jovens e pouco testados zagueiros saíram de nem considerados para opções reais em jogos decisivos na briga contra o rebaixamento.
Nos dois gols são-paulinos, erros individuais. A Trétis analisa:
Primeiro gol: transição mal feita, problema nos encaixes e cabeçada sem marcação
O maior problema no lance está, sim, no momento em que Luciano cabeceia sozinho e abre o placar no Morumbi. Mas é o erro na transição defensiva que desencadeia efeito cascata, e resulta no primeiro gol do jogo.
O volante Felipinho estava no ataque e demora a voltar. Com isso, Erick deveria assumir a marcação de Luciano, segundo atacante do São Paulo de Zubeldia, mas não o faz, pois Ferreirinha afunila e domina livre de marcação, em primeiro momento.
Godoy demora a se comprometer à marcação do ponta esquerda, receoso pela passagem de Sabino no corredor esquerdo. O resultado de toda essa movimentação está em Ferreira marcado por dois, Luciano sem marcação e Felipinho mal posicionado.
A narração de Paulo Andrade na sequência diz bem: “recebeu Luciano com espaço”. Ferreira encontra o passe que quebra linha de meio campo e deixa quatro atacantes do São Paulo contra quatro defensores do Athletico.
Pela situação de um contra um, Esquivel reluta em se aproximar muito de Lucas Moura, pois se fosse batido no drible, não haveria cobertura. Lateral-esquerdo atleticano, então, dá espaço suficiente para o bom cruzamento de Lucas, que escancara a falta de preparo e entrosamento da dupla Belezi e Gamarra, que não atuava junta desde o Paranaense.
Cruzamento é certeiro e Luciano, acompanhado por Erick, sobe. Volante não chega a tempo de subir junto, nem de atrapalhar movimento, por não acompanhar jogada desde o início. Belezi marcava Calleri, mas lance é na zona que cobria, e também nem faz menção de subir para cabecear.
Segundo gol: linha burra – de fato – e erro na recuperação
Aos 42 da segunda etapa Léo Godoy sente câimbras e pede substituição, para a entrada de Marcos Victor. Zagueiro fez sua estreia improvisado, como lateral-direito.
Era mais do que esperada a falta de entrosamento, natural. Mas a linha de impedimento feita no momento do lançamento de Liziero é o retrato do que foi ter cinco treinadores ao longo da temporada.
Marcos Victor, receoso em ser batido na corrida por Jamal Lewis, abre espaço e sai da linha de impedimento. Sai na frente e chega atrás do lateral-esquerdo, que cabeceia para o meio.
O problema maior é a coordenação da linha de impedimento. Gamarra, homem base para a montagem da linha, se posiciona à frente, quase fora da meia lua da grande área. Belezi, três passos atrás. Marcos Victor, há seis. Dá, inclusive, pra ver Gamarra sinalizando com as mãos para que linha avance no campo e deixe Luciano, André Silva e Jamal Lewis fora de condição.
No momento da conclusão de André Silva, Gamarra ainda consegue dividir para tentar atrapalhar, mas sem sucesso. Belezi, que estava mais próximo do lance, também não consegue chegar para cortar.
O problema é mais coletivo do que individual. Zagueiros em campo erram, mas fosse qualquer outro o trio, erro aconteceria. Falta conjunto, tempo e trabalho.