Executivo concedeu primeira entrevista coletiva desde que retornou ao Athletico; veja todas as falas
O diretor técnico do Athletico, Paulo Autuori, concedeu entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (10). Há mais de dois meses no clube, foi a primeira vez que o executivo se sentou à mesa e deixou ser questionado sobre o presente e o futuro da gestão do futebol do Athletico.
A Trétis resume tudo que você precisa saber sobre as falas de Paulo Autuori, confira:
Contratações e janela inoperante
“A janela que tem que ser forte é a inicial. A janela de meio de ano é muito difícil.”
Autuori, sobre falta de investimento no meio do ano
- “A coisa mais complexa no futebol é contratação. Falar em contratar é muito fácil. Desde que decidi a não ser mais treinador, acho que falar em contratação é muito curto. Numa janela de meio de temporada, o que você pode buscar? Jogadores que não estão rendendo, ou que estão afastados, ou ir ao estrangeiro e trazer jogadores que não tem potencial e projeção.”
- “Minha tarefa não é de contratar. Me recuso a isso. Para mim é muito curto. Que garantia tem de se trazer jogadores vai melhorar sua qualidade, se você não tem uma estrutura de jogo definida? Quando não se tem estrutura, as contratações são circunstanciais e aleatórias.”
Lucho, Varini e mudanças de “estrutura de jogo”
“Só vejo sentido no meu trabalho com um treinador novo.”
Autuori, sobre formação de treinadores
- “Não sei se fizeram a mesma pergunta sobre a falta de experiência do Filipe Luís. O Lucho pra mim, dentro do que era o momento do clube, é um treinador que como jogador se identifica com o clube. Uma mudança naquele momento não permite que trouxesse alguém que não entendesse o futebol brasileiro e o clube. É um treinador que nós acreditamos, novo, com ideias. Queremos qualidade e determinação.”
- “O grande problema do Athletico nessa temporada foi justamente a troca excessiva de comando. Para os jogadores é muito complicado, quando se começa a entender e há uma mudança, ele vai ter que entender outra coisa. Se nos aprofundarmos nos processos, vamos entender ainda mais essa discrepância. Hoje não estaríamos falando sobre o momento atual se não fosse a falta de estrutura da equipe. Qual é a estrutura de jogo do Athletico hoje? É impossível, temos que entender isso. E nossa luta diária é estagnar essa tendência, para depois reverter, queremos continuidade.”
- “A minha função é para trabalhar com treinadores jovens, para apoia-los com a minha experiência. Não faz sentido eu trabalhar com um treinador mais experiente. Eu como treinador nunca permiti ingerência no meu trabalho, e não é agora que vou fazer isso.“
- “Tenho certeza que muitos jogadores que vocês dizem que não servem poderiam jogar muito melhor com uma estrutura definida. Agora não há mais tempo (para definir). Queremos não sofrer gols, tornar difícil, e fazer daqui, da Arena, algo muito difícil. Talvez tenhamos perdido para nós mesmos, por falta de confiança”
- “Quando se tomou a decisão (do afastamento de Nikão), e era problema dele (Nikão) com o Varini. O Varini pediu o afastamento, o clube por ter a necessidade de manter minimamente uma continuidade deveria fazer o que o treinador pediu, se tivéssemos com isso claro. E se tentou fazer. Não passou muito tempo e aconteceu a saída do Varini.“
- “Temos que ter claro que tipo de jogo queremos jogar. É o que a torcida nos demanda. Temos que trazer jogadores que tenham essa tendencia competitiva, não só fazer coisas bonitas com a bola, já vi muitos assim ficarem pelo caminho. Tem que ter qualidade e nível competitivo, se não tiver esse binômio, esquece.”
Gestão e Saf
“No mundo atual já não existe distância física. O presidente Petraglia sempre esteve, está e estará presente.”
Autuori, sobre relação com Petraglia
- “A ideia de que as Saf’s são a salvação do futebol brasileiro é errada. As Saf’s são uma ferramenta a mais para a estruturação do mercado do futebol brasileiro. Existem gestões com sistema associativo que cresceram: Athletico, Fortaleza, Flamengo, Palmeiras. Outros partiram para a Saf e estamos vendo o que está acontecendo. Existem donos e donos. As pessoas querem entrar no futebol por evidência, não mensuram como seria se as coisas não acontecem.”
- “A maioria dos clubes que fizeram 100 anos tiveram problemas. O Athletico ganhou o Campeonato Estadual. O estadual passa a ser valorizado a partir do momento que você não ganha. É manter a tranquilidade para tentar ser assertivo naquilo que nos falta em relação a jogos.”
- “‘Ah, um psicólogo.’ Pelo amor de Deus. Vamos tratar com seriedade. Em 2016 tínhamos uma equipe de controle mental. Não tem mágica, tem um trabalho muito forte de criar objetivos, isso já foi feito internamente. Tem que ter muito claro o caminho que quer seguir, sem firulas. ”
Fernandinho
Tive uma conversa com ele, quer continuar e nós queremos que ele continue.
Autuori, sobre continuidade de Fernandinho em 2025
- “Ele tem contrato. Parece que tem um acordo de renovação automática caso ele queria continuar jogando.”
- “É um exemplo, tem uma recuperação extraordinária, certamente fará com que ele retorne antes do prazo imaginado.”
- “Nesse momento ganhar um reforço desse, amigo. Nem no mercado conseguiríamos encontrar. Uma equipe de futebol não pode depender de um jogador, porque num calendário como o brasileiro, não vai poder jogar sempre. É a importância de criar uma homogeneidade no grupo.”
Formação e base
Por que deixou de acontecer? ‘Tenho que contratar!’
Autuori, sobre falta de utilização da base
- “Precisamos de um olhar delicado para a formação. Um espaço a ser concedido a jogadores da base do clube, que vivem o clube, sentem, sabem o que é o clube. Tem identidade com o clube. Por vezes, interna e externamente, aceitamos coisas dos jogadores que vem de fora e não aceitamos dos que vem da formação. É algo que sempre acreditei, é um clube que sempre formou jogadores pelos processos.”
- “Quando o Otávio chegou no Bordeaux, houve um jogo contra o PSG. O treinador do Bordeaux falou sobre o Otávio: ‘tem jogadores que precisam de três anos, tem jogadores que precisam de três meses, com o Otávio precisei de três treinos para entender que jogador que era.’ Isso é a estampa do Clube Athletico Paranaense. Formado, desenvolvido. Me sinto hoje orgulhoso no que e a formação, no que está voltando a ser.”
- Temos que fazer um trabalho que nos possibilite no próximo ano ter um percentual alto de jogadores formados no clube no grupo. É plenamente factível. Já aconteceu. Por que deixou de acontecer? ‘Tenho que contratar!’, se eu contrato, mostro pro público que estou ativo. Uma coisa é vontade pessoal, outra são necessidades.
- “Quando coloco um jogador da base, dou uma energia gigante a ele, a quem trabalha com ele e ao clube como um todo. Quando Palmeiras começou a usar a base? Quando deixou de pensar que tinha que contratar jogadores para mostrar que tinha um trabalho bom. Já se fazia um bom trabalho, mas não tinham como jogar os meninos na primeira equipe, espaço fechado. Isso muda quando se muda a estrutura de jogo, se dá continuidade a um treinador.“