“Nós conseguimos”: Odair Hellmann celebra acesso, projeta 2025 e detalha os pilares da retomada do Athletico

Foto: athletico.com.br

Técnico exalta grandeza do clube, dedica o resultado à torcida e explica como construiu a campanha que devolveu o Furacão à Série A

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O Athletico Paranaense está de volta à Série A, e a noite do acesso marcou também uma entrevista coletiva repleta de bastidores, reflexões e projeções do técnico Odair Hellmann. Em um dos momentos mais emocionais desde que assumiu o comando, o treinador destacou a força do clube, a união interna e o trabalho de reconstrução como bases fundamentais da campanha de reação na Série B.

Apesar dos altos e baixos ao longo da temporada, Odair afirmou que sua convicção no acesso jamais vacilou. Para ele, a razão estava clara: o conjunto de condições oferecidas pelo clube, o ambiente de trabalho e o perfil de recuperação que marcou sua trajetória no futebol. “Acreditar faz parte da minha história de vida. Eu não ia desistir com a grandeza que tinha na mão para trabalhar”, resumiu.

A virada construída em três pilares

Odair revelou que, logo nos seus primeiros dias em Curitiba, identificou três pontos centrais que precisavam ser atacados rapidamente para reverter o momento: desempenho físico, unidade de comando e reforços estratégicos.

O primeiro deles foi a performance física. O treinador avaliou que a equipe tinha dificuldade para competir em intensidade com seus adversários e que isso comprometia até a execução de ideias táticas simples. A comissão técnica reformulou métodos de trabalho, ajustou cargas e recuperou atletas que estavam abaixo. O resultado, segundo Odair, foi uma equipe mais intensa, capaz de disputar duelos e suportar o ritmo de decisões.

O segundo pilar foi a unidade entre comissão técnica, diretoria e departamento de futebol. “A porta fecha com divergências, mas abre com todo mundo sólido”, descreveu. Essa coesão foi decisiva para alinhar decisões internas, especialmente no período mais delicado da Série B.

A terceira base da retomada veio das contratações. A janela do meio do ano praticamente reconstruiu o time titular. A chegada de atletas mais experientes e com características diferentes qualificou setores antes vulneráveis. Segundo o técnico, o clube mostrou força de investimento decisiva para transformar o desempenho coletivo e proteger individualmente jogadores que vinham sofrendo cobranças.

Relação com a torcida e aprendizados do acesso

Ao longo da temporada, Odair destacou que procurou assumir a responsabilidade em momentos de turbulência e evitar confrontos externos. Ele acredita que esse posicionamento ajudou a estreitar laços com o torcedor, que jamais direcionou hostilidade direta ao treinador, algo pouco comum no futebol brasileiro.

Foto: Roberto Souza/athletico.com.br

O acesso consolidado reforça, para ele, a importância da coerência e da comunicação clara. Ao final da partida, com o estádio em festa, o elenco e a torcida gritaram seu nome, gesto que o técnico valorizou, mas sobre o qual também fez um alerta: o desafio de 2026 será muito maior.

“Acabou a Série B. Agora a gente olha pra frente”, disse, ressaltando que a temporada de retorno à elite costuma ser uma das mais difíceis para qualquer clube. Em suas palavras, será preciso cautela, humildade e uma comunicação transparente com a torcida para evitar expectativas irreais diante do salto técnico entre as divisões.

“Acabou a segunda divisão. Vamos olhar para frente, mas com cuidado. O ano que vem é perigosíssimo. Subir de divisão e jogar o primeiro ano de Série A é muito mais difícil.”

Planejamento imediato para 2026

Antes mesmo de celebrar, Odair afirmou que o trabalho para a próxima temporada começa imediatamente. A partir desta segunda-feira, comissão técnica, diretoria e presidência já iniciam um cronograma de reuniões para mapear reposições, definir a pré-temporada e avaliar o perfil dos jogadores que permanecem ou deixam o elenco.

O treinador pediu que a torcida tenha cautela com a enxurrada de especulações típicas do período. Segundo ele, muitos nomes ventilados nem sequer passaram pela mesa de discussão. Apesar disso, foi claro: o Athletico precisará aumentar seu nível de investimento, contratar atletas de qualidade e reforçar posições carentes, especialmente o setor de volante, uma das demandas já identificadas.

Odair também reconheceu que um “número significativo de reforços” deve chegar, não apenas por necessidade técnica, mas porque até equipes campeãs precisam se renovar para manter competitividade.

“Agora é olhar para frente, consolidar o clube na Série A e representar o torcedor com competitividade e força.”

Da emoção ao futuro

Encerrando a coletiva, o treinador falou sobre emoção, cobranças, críticas e o simbolismo dos seis meses de trabalho que culminaram no acesso. Ele classificou o processo como uma transformação profunda, marcada por diagnóstico rápido, ajustes firmes e uma evolução que deu ao Athletico uma campanha de “campeão” no segundo turno.

“Futebol é hoje”, lembrou. Mas, ao mesmo tempo, deixou claro que o futuro já começou e que a obra, embora bem encaminhada, está longe de terminar.

“O que me fazia acreditar era a grandeza do clube, a estrutura que oferece, a competência dos profissionais, da direção, da comissão. E também a minha história de vida. Nunca foi uma história de desistir.”

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