Com aspirantes o Athletico revelou mais jogadores, mas com menos acerto, indica levantamento; relembre
As categorias de base precisam de carinho e a necessidade de resultados do futebol profissional não engloba, em grande parte dos casos, a possibilidade de um jovem fazer uma transição bem feita quando sai da base. O Campeonato Paranaense deve voltar a ser laboratório do Athletico para isso.
Hoje, no Furacão, essa transição não existe – ao que posicionou Caco Espinoza, ex-técnico da equipe sub-20, em entrevista à Trétis. Mas já existiu. Jovens compuseram parte significativa do elenco e do campo, segundo Paulo Autuori, e isso pode voltar a ser feito. Em coletiva, diretor garantiu que com menos pressão por contratações, mais o clube pode usar jovens atletas.
Fato é que poucas joias apareceram nas relações em 2024. Menos ainda após a chegada de Lucho Gonzalez, e com a chancela de Autuori. Mesmo assim, as chances que não apareceram nesta temporada devem aparecer no estadual de 2025.
LEIA TAMBÉM:
Arthur Dias, por exemplo, foi um dos novos destaques que mantidos na equipe principal, ao lado de João Cruz e Mycael, já titulares, ou próximos disso. Zagueiro de apenas 17 anos acumula convocações para seleções de base e tem sido cada vez mais utilizado pela comissão do Athletico nos treinos – não neste momento, pois compõe seleção brasileira sub-20 com Cruz, Dudu e Léo Derik.
Os dois últimos também aparecem bem cotados pela gestão do futebol do clube para figurarem no Paranaense. Dudu contou com evolução física do último ano para cá e tem a experiência de compor o banco de reservas em diferentes oportunidades. Meia armador, tem das maiores expectativas entre os prospectos da base do Athletico.
Léo Derik também nutre altas esperanças internamente e a participação constante nos treinamentos com a equipe principal, somadas às convocações para a seleção brasileira sub-20, estabelecem isso.
Categoria no Furacão ainda deve promover o trio de ataque Chiqueti, Sorriso e Emersonn, o último destes já testado entre os profissionais durante a passagem de Juca Antonello como interino no comando.
Reserva utilizado nos jogos contra Vitória (triunfo por 1 a 0) e São Paulo (derrota por 2 a 1), ganhou chance de iniciar contra Atlético-GO (vitória por 1 a 0) e Bahia (derrota por 3 a 1). Apesar de boas atuações, foi inacreditavelmente vaiado pelo impaciente torcedor atleticano na Baixada, neste último jogo. Depois disso, não voltou a campo profissionalmente.
Para a formação da zaga, o lateral-direito Léo Ataíde e o zagueiro Marcão também aparecem como opções bem cotadas pela comissão ao salto para a equipe profissional em 2025. Alguns dos casos mencionados dependem de renovação de contrato, como é o caso de Ataíde, mas a expectativa é de que isso ocorra sem dificuldades.
Marcos Vinícius, meio-campista, fecha lista dos prováveis utilizados, apurada pela Trétis.
Afinal, adianta em alguma coisa para o Athletico?
“Temos que fazer um trabalho que nos possibilite no próximo ano ter um percentual alto de jogadores formados no clube no grupo profissional”. – Autuori, em coletiva.
Este trabalho não necessariamente está apenas no Campeonato Paranaense com aspirantes, mas inclui o projeto. A Trétis levantou a quantidade de jovens lançados por temporada desde 2018, com o retorno dos aspirantes, e quantos destes estiveram em campo em torneios mais relevantes.
- 2018: Em ano de título paranaense com os aspirantes comandados por Tiago Nunes, apenas 24 meninos foram utilizados, sendo que 11 (45%) jogaram fora do estadual: o goleiro Caio, os defensores Zé Ivaldo, Renan Lodi, Diego Ferreira e Léo Pereira; os meias Bruno Guimarães, Matheus Anjos, Rossetto, e João Pedro; e os atacantes Vitinho e Cryzan.
- 2019: Com Rafael Guanaes nos aspirantes e Nunes no time profissional, o Athletico utilizou 31 jogadores de sua base. Destes, 12 (37%) atuaram em torneios relevantes: o goleiro Caio, os defensores Lodi, Khellven, Léo Pereira, Lucas Halter, Zé Ivaldo e Abner; os meias Rossetto e Erick; e os atacantes Vitinho, Pedrinho e Jáderson.
- 2020: Ano marcou o que o Athletico mais utilizou garotos com o técnico Eduardo Barros no Aspirantes, que durou até o mata mata do estadual. Foram 42 jogadores da base, dos quais 15 (38%) jogaram fora do Paranaense: o goleiro Bento; os defensores, Léo Pereira, Lucas Halter, Khellven, Zé Ivaldo e João Victor; os meias Bruno Leite, Rossetto, Kawan e Christian; além dos atacantes Reinaldo, Vitinho, Mingotti, Jajá e Pedrinho.
- 2021: A ideia foi a mesma na temporada seguinte, com Antonio Oliveira e Paulo Autuori no banco de reservas. 34 jogadores formados na base foram utilizados e 13 (38%) atuaram fora do Paraná: goleiro Bento; defensores Vinícius Kauê, Khellven, João Vialle, Luan Patrick, e Zé Ivaldo; meias Christian e Jáder; atacantes Rômulo, Vitinho, Mingotti, Emersonn e Jáderson.
- 2022: É o primeiro ano que não dá para formar um time completo. Apenas oito (27%) dos 27 estiveram em campo fora do Campeonato Paranaense: goleiro Bento, defensores Khellven, Zé Ivaldo e Lucas Halter; meias Christian e Jáder; atacantes Rômulo, Jhon Mercado e Vitinho.
- 2023: No primeiro ano da dissolução do projeto de Aspirantes na gestão Felipão, o Athletico tem o maior índice de aproveitamento de atletas da base fora do estadual – 11/23 (47%): goleiros Bento e Léo Linck,; defensores Khellven e Vinícius Kauê; meias Christian, Dudu e Danielzinho; atacantes Chiqueti, Rômulo, Vitinho e Reinaldo.
- 2024: Percentual se mantem alto nesta temporada com nove dos 19 (47%) jogaram fora do Paranaense: goleiros Bento, Linck e Mycael; defensor Marcão; meias João Cruz e Christian; atacantes Kayke, Emersonn e Julimar.
Nos anos em que o projeto de aspirantes esteve presente o Athletico utilizou jogadores de sua base nacional ou internacionalmente em 60 oportunidades, 12 por temporada. Nos anos em que não se teve o time de aspirantes no estadual, o Furacão lançou os jovens fora do Paranaense em 20 vezes, 10 por ano.
O projeto de aspirantes foi interrompido pela limitação de apenas 35 inscrições, decidida em arbitral e que acabou na última temporada. A vaga na Copa do Brasil também estar diretamente ligada ao estadual fez o Athletico tratar campeonato com mais seriedade.
Mesmo que os anos sem o projeto de aspirantes tenham revelado menos jogadores, em média, o percentual é maior – 47%. Nos anos em que projeto esteve ativo, o índice fica nos 37%.
Desde 2018, com os aspirantes se revelou mais, mas com menor aproveitamento. Sem os aspirantes se revelou menos, mas com mais aproveitamento.